Perfil

Nasceu em 21 de março de 1964, em uma pequena cidade do sertão da Paraíba. Aos cinco anos, seus pais se mudam para Mato Grosso e, depois, para Rondônia.(...)
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Histórico

Arquivo de março de 2010

O Pré-sal e a Chesf

O próximo presidente da República terá dois problemas a resolver, quais sejam: a repartição dos benefícios do pré-sal e o sistema Eletrobrás. O primeiro problema envolve todos os estados da federação. O segundo diz respeito aos interesses de Pernambuco e, em particular, de uma grande empresa, no caso a Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf).

Recentemente, a Câmara dos Deputados aprovou a repartição dos dividendos do pré-sal. Cada estado, independente de ser produtor ou não de petróleo, receberá partilha igualitária desses dividendos. Os estados do Rio de Janeiro, do Espírito Santo e de São Paulo reagiram, pois são produtores e não consideraram justa a distribuição isonômica.

Compreendo, em parte, as razões dos estados produtores, pois o petróleo advém dos seus territórios. No entanto, deve-se considerar que o espaço marítimo pertence a União e, por via de consequência, a todos os brasileiros. Desse modo, as riquezas do pré-sal precisam ser divididas para todos, já que os estados brasileiros integram a federação.

Acredito que o presidente Lula foi precipitado ao enviar para o Congresso Nacional a proposta do pré-sal sem discussão prévia com todos os governadores e com a sociedade em geral. Em razão disto, observa-se a disputa por esses potenciais recursos. Essa disputa coloca em jogo os princípios federativos do estado brasileiro. Alguns governadores acreditam que os seus respectivos estados têm maior importância do que os outros.

Destaco, ademais, o fato de que o presidente Lula, ao criar uma empresa estatal para ficar responsável pelo gerenciamento da exploração do pré-sal e ao dar privilégio a Petrobras na busca de petróleo nas camadas do pré-sal, pode ter intimidado a participação importante da iniciativa privada.

Existe uma previsão da presença de farto petróleo na camada do pré-sal. Entretanto, se é apenas previsão, não é ainda certeza! Nesse sentido, corre-se o risco da criação de uma empresa estatal que talvez venha a gerir recursos insuficientes para a sua manutenção. Um verdadeiro elefante branco. Outro ponto que merece referência: a iniciativa privada poderia contribuir, e muito, junto com a Petrobras, para a inovação tecnológica na exploração do pré-sal.

O outro problema que vislumbro para o próximo presidente da República consiste na perda de autonomia da Chesf para a Eletrobrás. A Chesf é responsável por diversos investimentos no Nordeste e em outras regiões. A Chesf é exemplo de empresa eficiente vinculada ao estado. Qual a razão da perda de autonomia da Chesf?

Estranho o fato de que diversos políticos da situação não reagiram de imediato à determinação do presidente Lula. A minha preocupação consiste em que a perda de autonomia da Chesf venha a esvaziar, em longo prazo, a empresa, no âmbito da capacidade de investimento e da contratação e manutenção de funcionários qualificados.

Por fim, afirmo que tanto no caso do pré-sal como no da Chesf, o futuro mandatário da República brasileira terá que abrir o diálogo com os próximos governadores. Os estados produtores de petróleo não podem ser os únicos a receberem os recursos do pré sal, se houver. Por outro lado, a Chesf não pode ser esvaziada. Friso que o Nordeste precisa cada vez mais de investimentos públicos, e estes podem advir dos recursos do pré-sal como também da Chesf.

Ruptura e agenda governamental

O que ocorrerá com o Brasil após as eleições presidenciais de 2010? Indagação que os setores produtivo e financeiro do Brasil, bem como investidores estrangeiros, estão fazendo. Arrisco a dizer que não ocorrerá nenhuma ruptura, em particular com os pilares da economia propostos por FHC e respeitados pelo presidente Lula. Tanto Serra como Dilma, certamente, não mexerão radicalmente em torno do equilíbrio fiscal, câmbio e metas inflacionárias.

É claro que Dilma e Serra são diferentes. Ouso dizer que Dilma acredita na força do Estado na economia. O estado como indutor do desenvolvimento. O que diferencia o pensamento de Serra do de Dilma consiste no grau de interferência do Estado na economia. Enquanto Dilma acredita que o Estado deva interferir radicalmente na economia, Serra acha que a interferência deva ser modesta. Concordamos com Serra. O poder estatal não pode sufocar os mercados. O poder estatal deve, sim, regular os mercados e oferecer linhas de crédito para consumidores e empresas, já que tem um papel imprescindível na economia.

Serra deverá ser mais radical no ajuste fiscal. Ao contrário de Lula – e de Dilma – o presidenciável do PSDB, caso vença o pleito eleitoral, poderá frear o ritmo de contratações de funcionários públicos que está inchando a máquina estatal. Deverá drenar parte da economia advinda deste freio, para o investimento em infraestrtura. Saliento, contudo, que, se Dilma vencer, ela não será irresponsável no trato dos gastos públicos. Ela sabe que equilíbrio fiscal atrai investidores externos. E a presença deste equilíbrio contribui para o cumprimento das metas inflacionárias.

Dilma Roussef, por acreditar na força do Estado indutor do desenvolvimento, pode não optar por atrair a iniciativa privada para atividades que estão hoje sob o controle estatal. Por exemplo: constato que os aeroportos brasileiros carecem de infraestrutura adequada para atender a demanda. Mas será que Dilma permitirá a privatização da Infraero? Vejo com bons olhos a alternativa de privatizar a Infraero. Certamente, investimentos em aeroportos atraem a iniciativa privada, principalmente em virtude de que o Brasil sediará a Copa do Mundo (2014) e as Olimpíadas (2016). A indagação feita à candidata Dilma, também faço ao candidato Serra.

O Brasil tem carências nas áreas de educação, saúde e segurança pública. Estou ciente do papel dos municípios e dos estados nestas três áreas. Mas o governo federal tem a sua responsabilidade. Reconheço os esforços de FHC e Lula nestas áreas. Contudo, as ações não foram suficientes para mudar radicalmente a situação da saúde, da educação e da segurança. Neste sentido, indago: o que Serra ou Dilma propõe para estes três setores? Certamente, eles têm propostas. As áreas citadas não serão esquecidas por um ou por outro.

Dois pontos cruciais, os quais FHC e Lula não conseguiram resolver. O que propõe Serra e Dilma para a previdência pública? E para a alta carga tributária no Brasil? Com a tendência de redução crescente da taxa de natalidade, menos jovens adentrarão no mercado de trabalho. Portanto, menos pessoas financiando as aposentadorias. Neste sentido, a reforma da previdência é necessária. Serra ou Dilma a fará?

O Brasil tem alta carga tributária. Esta está estável, mas já apresentou tendência de crescimento. A alta carga tributária inibe o investimento do setor produtivo e o consumo dos indivíduos. A redução da carga tributária é necessária. Para tal, é necessário, entre outras ações, cortar gastos públicos. Dilma ou Serra tem esta intenção?

Certamente, como já frisei, a ruptura com os pilares básicos da economia não ocorrerá. Mas o próximo presidente precisa ser audacioso. Pois o Brasil necessita continuar o seu ritmo de desenvolvimento socioeconômico.

Jovens empreendedores

Procurar um emprego fixo numa grande empresa ou aventurar-se num negócio próprio? Esse é um dos dilemas dos jovens recém formados que buscam alcançar sucesso profissional e pessoal com a inquietação peculiar da juventude.

Segundo um estudo do instituto internacional Global Entrepreneuship Monitor, nos últimos cinco anos o número de jovens empreendedores cresceu mais de 30%. Já são 3 milhões de brasileiros entre 18 e 24 anos à frente do próprio negócio, mesmo sabendo dos riscos e incertezas desta opção.

A ascensão- relâmpago de figuras como Larry Page e Sergey Brin, os fundadores do Google, ou de Mark Zuckerberg, o criador do site de relacionamento Facebook, motiva a opção empreendedora desse grupo de jovens.

Outro aspecto que motiva o empreendedorismo vem da visão otimista que têm da economia brasileira, onde enxergam espaço para inovação. Inovação é hoje, afinal, o que mais enriquece um país. Num cenário em que 83% dos donos de negócios brasileiros nem sequer pisaram numa universidade, esses jovens com diploma têm maior possibilidade de prosperar. Os dados confirmam esta tese. Apenas 7% das empresas abertas por brasileiros com ensino superior fecham antes de completar um ano de vida, um quarto da média nacional.

Esses jovens empreendedores saem das faculdades e universidades com uma bagagem atualizada e equilibrada entre a aquisição de conhecimentos e o aprender com experiências. Vão para o mercado com a cultura do planejamento. Não há “achismos” e feeling. Os negócios são iniciados somente após pesquisarem minuciosamente o mercado e elaborarem um detalhado plano de negócio. O que diminui consideravelmente o risco de um naufrágio empresarial.

O Brasil sempre teve altos índices de empreendedorismo. Entre os jovens, 15% dos brasileiros já estão à frente de seu próprio negócio, mais do que americanos (14%) ou indianos (12%) – ambos tradicionalmente empreendedores.

Mas empreender não significa apenas abrir um negócio, o jovem pode ser empreendedor dentro de uma empresa tomando uma postura diferente, uma atitude, usando a criatividade para a resolução de problemas, com pró-atividade e dedicação.

Portanto, ao concluir o curso superior o jovem antenado poderá optar pelas duas vertentes do empreendedorismo: buscar um emprego numa grande empresa ou aventurar-se num negócio próprio, desde que, durante sua graduação, além de adquirir conhecimentos, aprenda a aprender e ouse. A ousadia é uma das principais características do empreendedorismo e da inovação.

Reflexões sobre o ENEM

Cerca de sete universidades federais que selecionaram os seus calouros por meio do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) não preencheram as suas Vargas. Ocorreu vazamento da prova do Enem. O Enem só será feito uma vez por ano. O Sistema Unificado (Sisu), criado pelo governo Lula em 2009, para unificar os vestibulares, apresentou e apresenta falhas tecnológicas graves.

Por que sobraram vagas nas instituições federais? Cinco explicações/hipóteses possíveis: 1) concentração de alunos em dadas instituições federais, as quais estão localizadas em regiões mais desenvolvidas economicamente; 2) nem todas as instituições federais excluíram o seu vestibular; 3) alguns cursos oferecidos pelas instituições federais não possuem demanda; 4) existe forte demanda por alguns cursos – demanda concentrada; 5) não existe número expressivo de alunos qualificados para serem aprovados no Enem.

O aluno podia escolher a instituição para seus estudos. Alunos de regiões com menor desenvolvimento socioeconômico optaram por instituições públicas presentes em estados com maior desenvolvimento econômico – hipótese. O Enem, aparentemente, democratizou o acesso ao ensino superior. Contudo, nem todas as instituições federais abandonaram o vestibular próprio.

Apesar do presidente Lula ter criado diversas instituições federais e autorizado estas a criarem novos cursos (Programa Reuni), a demanda por áreas no ensino superior parece está concentrada. Embora tenha diminuído a diferença de investimento entre ensino superior e ensino básico, o governo Lula ainda não conseguiu melhorar a qualidade do ensino básico e médio. Portanto, ainda é incipiente no Brasil a igualdade de oportunidades.

De acordo com o governo, o Enem não pode ser feito duas vezes ao ano, por conta da falta de estrutura. Demanda tempo. A organização precisa ser perfeita, pois fraudes não podem existir. Ora, se o Estado não tem condições de operacionalizar o Enem, por que o criou? A realização do Enem duas vezes por ano aumenta o leque de oportunidades para os estudantes.

As falhas tecnológicas no Sisu criaram euforia, em dado instante, para alguns estudantes. Em outro momento, estes mesmos estudantes que comemoram a entrada numa instituição pública choraram. O Sisu, em razão de falhas tecnológicas, aprovou nomes que não estavam aprovados. Foi árdua também para muitos alunos a escolha da instituição pública. O Sisu não permitia. A conexão caía. O registro do nome dava erro. Enfim, o Sisu não funcionava.

As falhas do Enem evidenciam que o governo Lula e também o próximo governo precisam modificar a sua política educacional. A busca da qualidade do ensino básico e médio deve ser prioridade. Inclusive, a iniciativa privada pode vir a contribuir. Por que não criar o Prouni do ensino médio? Talvez seja necessária a federalização do ensino básico e médio. É possível existir relação entre a aplicação de recursos na educação por parte dos estados e municípios e qualidade de ensino.

O Enem pode ser mantido. Contudo, ele precisa ser democratizado. Isto é: todas as instituições federais precisam aceitá-lo como instrumento único de acesso. O Estado brasileiro necessita dar eficiência à operacionalização do Enem. O Enem precisa adquirir o respeito e a confiança dos estudantes. Instituições federais não podem ser criadas apenas por motivos políticos. A demanda, inclusive por curso, precisa ser considerada. Enfim, a educação superior privada precisa receber condições para o seu crescimento.

Um novo Brasil

Novos costumes. Novas crenças. Novos valores. Novas ideias. Temos um novo Brasil. Este novo Brasil é especialmente representado por uma nova classe média brasileira, a qual é retratada por Amaury Souza e Bolívar Lamounier no livro “A classe média brasileira – ambição, valores e projetos de sociedade”. É representada, também, pela pesquisa Tendências da Maioria realizada pelos Institutos Datafolha e Data Popular. Segundo esses trabalhos, a classe C representa a nova classe média brasileira.

Nos últimos anos, lentamente, em razão do crescimento do consumo e da expansão do ensino superior, indivíduos emergiram da classe D para a classe C. Com isto, mais consumidores adentraram no mercado. Mais pessoas – com maior nível de instrução e, por consequência, com maior capacidade para aproveitar as oportunidades do mercado – estão presentes na sociedade.

De acordo com a obra de Amaury Souza e Bolívar Lamounier, a classe C considera a educação como variável que possibilita a mobilidade social – assim como as classes A e B. Isto significa que investir em educação é adquirir crescimento profissional. Este, por sua vez, cria potenciais consumidores. Mais renda, mais consumidores. Menor desigualdade social. Se a nova classe média reconhece a força da educação, assim como as classes A e B já reconheceram, posso apostar no crescimento da economia brasileira.

Amaury Souza e Bolívar Lamounier afirmam, contudo, que os indivíduos, em particular a classe C, reconhecem a importância do diploma universitário. Contudo, eles sabem também que o diploma não é tudo. Neste caso, compreendo que os brasileiros reconhecem as mutações constantes do mercado de trabalho. Deste modo, eles sabem que precisam continuar estudando.

A pesquisa de Souza e Lamounier revela que 55% dos entrevistados da classe C desejam ter o seu próprio negócio. E 45% almejam um emprego estável, com carteira assinada. Estes resultados mostram que uma parte dos indivíduos deseja ser empreendedor. E uma parte menor, mas significativa, deseja a estabilidade. Constato, portanto, que a atitude empreendedora está presente na classe C. Mas também, observo que muitos indivíduos ainda estão à procura da estabilidade, que poderá vir através do emprego público conquistado através de concurso público.

Pesquisas dos institutos Datafolha e Data Popular mostram que 55% da classe C possuem caderneta de poupança. E 60%, cartão de crédito. Afirmo, com base nestes resultados, que os indivíduos da classe C adentraram no sistema financeiro, buscam crédito e também poupam. Saliento que o ato de poupar contribui para que o estado adquira condições de investir em infraestrutura.

É importante destacar que a maioria dos jovens brasileiros está nas classes C e D. Sendo assim, é fácil prever que se continuar a expansão da economia brasileira, a classe C aumentará, assim como o mercado consumidor. E, por consequência, a desigualdade social diminuirá.

De acordo com a pesquisa dos institutos Datafolha e Data Popular, 95 milhões de brasileiros fazem parte da classe C. Neste sentido, constato que um novo e promissor Brasil existe. No entanto, o Brasil tem dois desafios: contribuir para que a mobilidade social continui fortemente presente em nossa realidade social e que a classe C não seja a única a receber mais novos indivíduos. As classes A e B também precisam crescer, e a consequência disto será maior desenvolvimento e menor desigualdade social.

O sucesso do nosso Carnaval

Pesquisa realizada pelo Instituto de Pesquisa Maurício de Nassau (IPMN), o qual presido, revela que o Carnaval de Pernambuco é um produto comercial e turístico que precisa ser explorado cada vez mais pelo poder público e a iniciativa privada. O estado deve atuar como gestor do Carnaval. E também deve incentivar a iniciativa privada a explorá-lo comercialmente. Ambos os atores, poder público e iniciativa privada, devem ser parceiros.

A pesquisa do IPMN revelou que o folião gostou do carnaval 2010 em vários aspectos – 93,1% afirmaram que o Carnaval deste ano foi Ótimo/Bom. Destacamos que 84,6% dos foliões aprovaram positivamente o trabalho da Polícia. Aproveito para parabenizar o governador Eduardo Campos pela gestão eficiente da segurança pública no Carnaval.

É importante destacar também que 48% dos entrevistados declararam ter brincado pelo menos uma vez o Carnaval deste ano. Friso que 8,7% declararam que não brincaram o Carnaval em razão da violência. No caso, o possível folião tinha ou tem a expectativa de que, ao brincar Carnaval, ele poderá ser vítima de algum ato violento. Neste sentido, é importante o aprimoramento frequente das ações de segurança.

O transporte público foi muito usado pelo folião – 66,4% afirmaram que usaram transporte público neste carnaval. Neste universo, 88,7% utilizaram o ônibus. Saliento que 80,5% aprovaram os serviços de transporte público. Em contrapartida, 70,5% dos foliões não usaram os serviços de táxi. Dentre aqueles que utilizaram os serviços de táxi, 76,8% aprovaram os serviços.

A pesquisa revela que o Carnaval do Recife Antigo atrai foliões – 53,6% declararam ter brincado carnaval no Recife Antigo. 94,3% desses foliões consideraram o Carnaval do Recife Antigo como Ótimo/bom. A pesquisa mostra que os pólos de folia organizados pela prefeitura do Recife atraem público. O pólo mais frequentado é o do Bairro do Recife. Portanto, a iniciativa do ex-prefeito João Paulo de descentralizar o Carnaval do Recife é louvável. Assim como as ações do prefeito João da Costa no Carnaval deste ano.

O Galo da Madrugada atrai muitos foliões. Daqueles que declaram que brincaram Carnaval, 56,4% afirmaram que foram ao Galo da Madrugada. Neste universo, 95,5% afirmaram que o Galo da Madrugada foi Ótimo/bom. Saliento que a prestação da segurança pública no Galo da Madrugada neste ano é merecedora de aplausos.

O frevo sobrevive, apesar de 43,2% dos entrevistados afirmarem que preferem brincar o Carnaval ao som de todos os ritmos. Mas, 36,2% querem “pular” Carnaval exclusivamente ao som do frevo. Concluo, portanto, que o recifense valoriza o frevo e prefere o carnaval multicultural, o qual é instituído pela prefeitura do Recife.

Algumas curiosidades da pesquisa: Alceu Valença é o cantor pernambucano de frevo mais lembrado pelos pernambucanos – 39,8% dos entrevistados citam Alceu Valença como cantor de frevo. Contudo, Valença não é um artista que canta exclusivamente frevo. Ressalto que Claudionor Germano foi citado por 8,7% dos entrevistados.

Por fim, saliento que 78,2% dos entrevistados desejam o retorno do Recifolia. Eu também sou favorável ao retorno deste importante evento para o turismo de Pernambuco, desde que num lugar apropriado onde não possa perturbar os moradores locais, como ocorre em Natal. Reconheço que o poder público e a iniciava privada têm condições de realizarem o Recifolia. Isto foi comprovado neste último Carnaval!

Carta de Agradecimento à Faculdade de Direito do Recife

Em 1983, no imponente prédio da Faculdade de Direito do Recife, finquei a pedra fundamental para a construção de um sonho, quando me matriculei no curso jurídico da respeitada instituição. Por aqueles corredores tracei minha trajetória profissional, ao concluir minha graduação, mestrado e doutorado e, em 1990, ingressar na docência através de concurso público. Hoje, 27 anos depois, tomo uma das mais difíceis decisões de minha vida: deixar a Casa de Tobias. Neste dia 05 de março de 2010 apresentei meu pedido de exoneração do cargo de professor do Centro de Ciências Jurídicas da Universidade Federal de Pernambuco ao Magnífico Reitor Amaro Lins.

Durante um período, através de liminar confirmada por sentença da Justiça Federal, consegui a licença sem remuneração, na esperança de reorganizar minha agenda para conciliar as responsabilidades empresariais com o ofício de professor. Mas optei pelo caminho do empreendedorismo e as escolhas implicam em renúncias. Não pretendo mais manter minha função por meio da judicialização. Com isso abro espaço para a renovação da banca pelos mais jovens. Apesar na minha inegável tristeza por virar a página deste importante capítulo da minha história, deixo a instituição com uma profunda gratidão por tudo o que ali conquistei, e futuramente pretendo voltar, por meio de um novo concurso público, para poder retribuir por toda a bagagem intelectual que a Casa me proporcionou.

Meus agradecimentos aos professores e amigos João Maurício Adeodato, Ivanildo Figueiredo, George Browne, Alexandre Pimentel, Clóvis Correia, Sérgio Torres, Zélio Furtado, Raimundo Juliano e Ivo Dantas, aos reitores Efrém Maranhão, Mozart Neves e Amaro Lins, às funcionárias Valéria, Ricarda, Josi e Ana Paula, e especialmente a todos os meus ex-alunos que transformaram, durante estes 20 anos, o exercício da docência em uma experiência de aprendizagem recíproca e colaborativa.

Hoje eu deixo a Faculdade, mas ela sempre estará em mim, com seu fervor cultural, sua capacidade de germinar ideias, sua agitação criadora. Muito me orgulho de ser filho deste importante marco intelectual da história de nosso Brasil.

Responsabilidade Social Empresarial e o Greenwashing

A responsabilidade social empresarial virou uma prioridade inevitável para dirigentes empresariais brasileiros. Governos, ativistas e meios de comunicação hoje cobram de empresas a responsabilidade pelas consequências sociais de suas atividades.

Várias empresas estão repensando sua postura ética frente à sociedade. Um novo pensar e agir no âmbito empresarial, dando uma conotação cidadã aos negócios. Leia mais… »

Apagão profissional no País

Temos presenciado e participado, desde os anos 90, das transformações estruturais que configuram a globalização econômica. Tanto as mudanças como as crises que enfrentamos nesses últimos anos têm gerado rupturas nas formas tradicionais. Da explosão tecnológica à crise financeira dos últimos anos, não faltaram motivos que nos tirassem de nossa zona de conforto. Muita água rolou debaixo de nossa ponte, e as mudanças foram significativas. Mudamos nossa visão, nossas ofertas, nossos modelos de trabalho, nossas exigências e expectativas. Espelham este novo cenário a crescente integração, a multiplicidade e multiplicação de produtos e de serviços, a tendência à conglomeração e alianças estratégicas entre empresas que buscam avidamente competitividade através do uso das tecnologias informacionais e de novas formas de gestão do trabalho.

Mas, já há algum tempo, os especialistas vêm alertando para um “apagão” profissional no País. Após um longo período de inanição, deitado em berço esplendido, o Brasil voltou a crescer e a enfrentar a carência de mão de obra qualificada em quase todos os setores produtivos. O motivo é o descompasso entre o crescimento da economia, as exigências de maior qualificação devido aos avanços tecnológicos e o descaso histórico com a educação.

Apesar do estrago causado pela crise global na geração de empregos formais em 2009, a oferta de vagas foi a maior da década. No mercado de trabalho para profissionais com nível superior, a falta de candidatos com especialização foi mais crítica ainda. A sobra de vagas nos principais setores produtivos está diretamente relacionada à retomada da economia. Como exemplo, podemos citar o setor da construção civil que, pelo fraco desempenho até 2003, desencorajou a formação profissional. Estudos realizados pela indústria apontam para um aumento do desequilíbrio entre oferta e procura por mão de obra qualificada até 2014, exigindo a formação profissional de cerca de três milhões de trabalhadores por ano para atender a demanda do setor.

O mercado de trabalho chega a 2010 precisando vencer um dos maiores entraves ao seu desenvolvimento: falta de pessoal qualificado. E com um agravante, o gargalo de mão de obra agora se espalha por profissões que atendem a diferentes setores, de engenheiros a educadores e médicos. Não que faltem candidatos interessados em oportunidades abertas pela retomada de investimentos e a chegada de novos players internacionais. Mas, em um mercado que se expande e se transforma simultaneamente, o desafio tem sido encontrar perfis adequados para dar conta das novas necessidades.

O novo mercado exige, cada vez mais, o desempenho do trabalho em equipe, fundamentado em planejamento, pensamento estratégico, visão de negócio e, sobretudo, capacidade de articulação de múltiplas disciplinas. Neste novo contexto, não se trata apenas de integrar disciplinas e conhecimento – são os profissionais que, em última instância, precisam aprender a trabalhar integrados. Em decorrência, as competências comportamentais, como abertura ao aprendizado, resiliência e capacidade relacional, passam a valer tanto, ou até mais, do que as qualificações técnicas e tornam-se um ativo e um diferencial competitivo valioso.

É por isso que atrair, desenvolver e reter talentos é um fator crítico de sucesso para as empresas modernas, onde a gestão profissional de pessoas tem priorizado profissionais que somam competências técnicas e comportamentais, com alinhamento ao projeto da empresa e compromisso com meta. Tanto é que, diante das dificuldades em conseguir profissionais qualificados no mercado, algumas empresas estão buscando talentos dentro das faculdades e universidades. São empresas que acreditam que as mudanças e transformações irão se acelerar. São empresas que lideraram essa década, e que em comum têm a capacidade de transformação e adaptação às novas exigências de mercado.

O mundo mudou. O Brasil mudou para melhor. Enterramos o espectro inflacionário, nossa economia resistiu à crise que abalou a maioria dos países desenvolvidos e a taxa de escolaridade média avançou bastante. Ainda não é a ideal, mas duplicamos o número de pessoas com mais de oito anos de escolaridade e diminuiu pela metade o número de analfabetos. Esse “apagão” profissional no País não será resolvido da noite para o dia, mas o povo brasileiro, mais uma vez, com sua incrível capacidade de adaptação irá, aos poucos, capacitar-se para as novas exigências da mundialização dos mercados.