Quem disse que não sabemos votar?
Pelé ficou famoso por sua genialidade com as bolas nos pés. E quase tão famoso pela infelicidade de suas declarações. Talvez, a mais famosa delas tenha sido a frase: “brasileiro não sabe votar”. Foi dita nos anos 70, ao ser questionado sobre a decisão dos governos militares de suspender eleições diretas para cargos do Executivo. Eram outros tempos. Vivíamos sob regime de exceção. A Imprensa estava amordaçada, os movimentos políticos e estudantis reprimidos, enfim todas as garantias constitucionais suspensas. A realidade é que diante dos fatos vividos na política brasileira, após a volta da democracia, temos que admitir que muitas pessoas ainda pensam como o Pelé.
Mas o eleitor brasileiro de hoje é diferente do eleitor daquela época. Não só porque a situação política do País mudou, mas porque ele é mais informado e experimentado. Tem mais prática. Um eleitor de apenas 25 anos pode ter votado mais de 20 vezes se considerarmos primeiro e segundo turno e dois plebiscitos, um sobre posse de armas e outro sobre forma de governo. Um eleitor com 42 anos pode ter votado 60 vezes. Com isso, é um eleitor experimentado, com prática democrática. Tem capacidade de discernir e avaliar se uma campanha é autentica ou ficcional. Tem acesso a informação. Hoje, mais de 63 milhões de brasileiros tem acesso à Internet e uma grande parte deste universo é composta por jovens. O eleitor moderno, em especial das gerações X e Y, não concorda em receber a informação passiva dos políticos. Ele quer participar e interagir.
Na eleição de Obama, em 2008, pudemos testemunhar a força da web no engajamento e mobilização dos jovens em sua campanha. E na próxima campanha eleitoral o Brasil não ficará à margem dessa plataforma. Novas ferramentas como o Twitter, serão um ingrediente a mais nas campanhas de 2010.
Para o público mais politizado há os blogs e sites especializados, como o Transparência Brasil, Congresso em Foco, Contas Abertas, Vote na Web e Bovap-Bolsa de Valores Políticos, entre outros, que ajudam na resolução de um grande problema brasileiro, a memória política, ou melhor, a falta dela.
A ONG Transparência Brasil, criada há 10 anos, tornou-se uma referência na cobertura do segmento político. O Vote na Web, lançada em novembro passado disponibiliza as propostas dos parlamentares em votação, permitindo aos cidadãos conferir se estes parlamentares representam realmente seus anseios. Já a ONG Contas Abertas fiscaliza e analisa se as leis eleitorais estão sendo cumpridas, e a Bolsa de Valores Políticos (BOVAP) faz a cotação da imagem pública dos políticos.
Todos esses sites e a utilização das redes de relacionamento são reflexos de uma sociedade mais participativa, onde o fluxo de informação dentro do ambiente político esta cada vez mais verdadeiro e democrático.
Mas, voltando à pergunta que não quer calar: será que todo brasileiro sabe votar ou apenas uma minoria privilegiada sabe exercer seu poder cidadão?
O cientista político Alberto Carlos Almeida, da FGV, em seu livro “Reforma Política: Lições da História Recente” revela que 71% dos eleitores esqueceram em quem votaram para deputado federal quatro anos antes, sendo que esta “amnésia eleitoral” é maior entre os de menor escolaridade.
Nossa sociedade passa por mudanças constantes, como nossa jovem democracia, que ainda mostra traços oscilantes quando analisada sob o ponto de vista da ditadura econômica que nossos governantes vêm implantando ano após ano.
Falsas, ou mal versadas, políticas sociais e de educação têm gerado uma nova classe ainda não preparada para o verdadeiro exercício da cidadania: o voto. A baixa escolaridade, o assistencialismo do estado que não gera emprego, mas tende a criar uma cultura de estado-dependência nos faz lembrar o Coronelismo e uma de suas piores características, o Voto de Cabresto.
A declaração polêmica de Pelé há 40 anos, durante o Regime Militar, talvez possa ser atualizada para: infelizmente, nem todo brasileiro ainda aprendeu a votar.
Tipos de eleitores.
No nosso país temos a grosso modo, dois grupos de eleitores.
O primeiro grupo são aqueles eleitores que se interessam pela política, não interesse particular, mas sim o interesse coletivo, para votar procuram saber as origens dos candidatos, suas propostas, e principalmente seu passado e sua ficha se esta limpa, infelizmente são minoria.
O segundo grupo, infelizmente são maioria, são aqueles que casam com um partido ou com um político, fazendo votos de( até que a morte nos separe). Existem vários exemplos para esta afirmação. Durante minha vida conheci Getulistas ferrenhos, Janistas apaixonados, Ademaristas enlouquecidos, Coloristas cheios de fé, Malufistas deslumbrados com o rouba, mas faz, e ultimamente temos os lulistas ou petistas não importa os nomes.
Toda essa euforia continua até que a morte os separe, mesmo quando é provado o envolvimento em corrupção destes mencionados, a fidelidade continuará até o túmulo. Sendo assim podemos confiar nestes eleitores para escolher alguém decente para cargos público, a resposta é não, enquanto este tipo de eleitor for maioria no Brasil não teremos nunca um resultado satisfatório.
Paulo Luiz Mendonça.
respeito as pessoas que são contra as eleições por convicção , mesmo não concordando com as mesmas, porém Pelé dizia por conveniência, não precisamos de eleições, mas precisamos de uma copa? quando não se votava para o executivo( governo, presidencia e prefeitos de capitais) quem votava era o colégio eleitoral ou seja, o congresso, a eles você daria o seu direito de voto?