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Nasceu em 21 de março de 1964, em uma pequena cidade do sertão da Paraíba. Aos cinco anos, seus pais se mudam para Mato Grosso e, depois, para Rondônia.(...)
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O Brasil não está pronto para crescer

O crescimento econômico brasileiro é evidente. Justamente por conta desta expansão, o Comitê de Política Monetária (Copom) modificou a tendência de baixa da taxa básica de juros, a Selic, para iniciar um período de alta nas últimas reuniões. É a demanda de consumo e a ampliação nos projetos de infra-estrutura do País que estão ditando as regras. No entanto, como escrevi alhures, o incremento nestes investimentos não está sendo acompanhado de mão de obra capacitada. Ou seja, o Brasil conta com grandes obras estruturadoras, mas falta gente capacitada para ocupar as vagas que estão por vir.

A escassez de mão de obra técnica coloca-se como um desafio a ser enfrentado no País. De acordo com uma pesquisa realizada pela Câmara Americana de Comércio (Amcham) junto a seus associados com o apoio do Ibope, o nível de crescimento econômico não está atrelado à expansão dos centros de formação, o que necessariamente deveria acontecer. Também configuram-se como entraves para a competitividade brasileira os parcos investimentos públicos e a dispersão territorial do mercado de trabalho, além da inviabilização de modelos de parceria público-privada, segundo os entrevistados da pesquisa.

Por outro lado, o Brasil tem pressa de crescer. A crise econômica que estourou no mundo no fim de 2008 mostrou, ao menos, que estamos prontos para este grande salto, com uma economia sólida e despertando interesses no tocante aos investimentos estrangeiros. Os próximos anos são promissores, mas a falta de disponibilidade de mão de obra técnica adequada, treinada e qualificada se destaca neste cenário. Com efeito, constatamos que a necessidade de mais investimentos, por parte do Governo Federal, nas escolas e universidades brasileiras. Há, por outro lado, carência de injeção de mais recursos em programas de capacitação interna. Enfim, falta incentivar o trabalhador brasileiro e inserí-lo neste mercado de trabalho.

O problema é nacional, mas nas regiões onde vive a população de menor poder aquisitivo, a escassez de profissionais qualificados é ainda maior. É o caso do Nordeste, região que necessita de um progresso mais acelerado que a média nacional, onde a disponibilidade de profissionais com o perfil demandado pelo mercado é pequena e a ausência de centros de capacitação, o que se tornaria essencial para garantir os profissionais que serão necessários no futuro, é grande.

A pesquisa da Amcham mostrou ainda que o empresariado brasileiro espera muito mais do governo. A ampliação de investimentos na oferta de ensino seria um primeiro passo a ser dado, segundo o estudo. O País ainda carece de novos centros de formação e vagas. E o intercâmbio entre unidades de ensino e a iniciativa privada também não podem ser descartados. O Brasil parece ser a bola da vez para muitos investidores em todo o mundo, mas para esses recursos de fato chegarem a solo brasileiro, é preciso valorizar a educação básica, combater a evasão e melhorar a qualidade de ensino. Também é necessário descentralizar escolas técnicas, elevar o nível da educação, com a melhoria da qualidade dos cursos técnicos e ampliar o percentual de brasileiros em cursos superiores.

Enfim, o Brasil vive talvez um momento de ouro, no tocante ao crescimento econômico e recepção de investimentos de grandes projetos estruturadores. A demanda é grande e até os juros precisam subir para conter a expansão. Mas o que deveria ser uma boa notícia pode ser, na verdade, um forte motivo de preocupação.

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