Muito além das escolas
A tragédia no Rio de Janeiro, que deixou pelo menos 12 crianças mortas em uma escola no Realengo, levantou a polêmica sobre a falta de segurança nas instituições de ensino da rede pública. Em Pernambuco, o Governo promete investir em câmeras de monitoramento e treinar dois mil porteiros para trabalhar nos colégios públicos do Estado. Mas o problema é nacional e, infelizmente, vai muito além das portas das escolas.
O caso do Rio não foi uma questão particular de falta de policiamento. Tratou-se de um ato cometido por uma pessoa doente, que certamente praticaria os homicídios em qualquer outra localidade. A escolha da escola foi uma questão pontual, devido a traumas de infância do atirador, segundo explicações de médicos e psicólogos que acompanharam o caso, e não reflete necessariamente uma falta de segurança no local.
No entanto, o assunto serviu para despertar a questão. A discussão, ainda que não devesse ser relacionada ao caso, trouxe à baila um tema relevante. O problema existe, sim. E já estava mais do que na hora de as autoridades partirem para a tomada de providências. Pernambuco que o diga. Nas escolas do Estado já existe um policiamento efetivo. Além disso, a Patrulha Escolar também tenta diminuir a insegurança. Entretanto, o efetivo ainda é pequeno. Os policiais voluntários trabalham em 314 escolas e a rede estadual de ensino conta com mais de 1,1 mil unidades. Preocupado com a questão, o Governo do Estado tomará nos próximos dias uma medida eficaz. Além dos profissionais treinados para garantir a redução da violência, será investido em tecnologia para aumentar a segurança.
No âmbito nacional, a discussão também veio à lume. O Senado já trabalha no sentido de criar novas leis para coibir a violência. O próprio presidente do Senado, José Sarney, se manifestou nesse sentido quando afirmou que, a partir desse episódio, o governo passará a dar mais atenção à questão de falta de segurança nas instituições de ensino brasileiras. Registrou, também que a tragédia pode trazer de volta à sociedade e ao Congresso Nacional a discussão sobre a proibição de venda de armas de fogo. E o próprio presidente da CCJ (Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania), Eunício Oliveira (PMDB-CE), também está decidido a juntar esforços para votar projetos que tratem do assunto.
Registramos que a preocupação é urgente e nacional. Acreditamos que o caso isolado do Rio de Janeiro deverá servir de lição – lição triste e profunda – para todos os governantes e gestores públicos. O Brasil precisa discutir a questão da segurança, à exaustão. Precisamos de segurança em todos os lugares públicos e privados. Nas ruas, nas praças, nos supermercados, nos hospitais, e, principalmente nas escolas. A dolorosa lição abriu nossos olhos e fez com que passássemos a ver o problema de maneira muito mais ampla. Porque, de fato, o é.
A tragédia que paralisou o Rio de Janeiro, foi sem duvida estarrecedora, porém, não menos traumatizante que a inércia dos nossos ilustres governadores,no que tange a Segurança Publica. O caos que toma conta de nossas cidades é perceptível e o ocorrido em Realengo é apenas um reflexo, mínimo, do que vem suportando toda massa populacional. Porém foi necessário que um fato doloroso e de repercução internacional acontecesse para se iniciar as conjecturas em relação ao modo de agir das autoridades Diante de tal desabor, pergunto-me: Será que a TRAGÉDIA é o ÓLEO que move a engrenagem dessa grande maquina chamada governo?