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Nasceu em 21 de março de 1964, em uma pequena cidade do sertão da Paraíba. Aos cinco anos, seus pais se mudam para Mato Grosso e, depois, para Rondônia.(...)
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Histórico

Evasão na educação superior

Início de ano é sempre assim. Entre os jovens, reaparece a conhecida moda das cabeças e sobrancelhas raspadas que, indiferentes aos padrões de beleza estética, passam a ser exibidas como verdadeiros troféus pelos vencedores da maratona do vestibular. Em um país onde apenas 10,9% das pessoas entre 18 e 24 anos estão em faculdades, sobram motivos para tanta euforia. A julgar por um estudo realizado pelo Instituto Lobo para o Desenvolvimento da Educação, da Ciência e da Tecnologia, não seria má idéia que prática semelhante fosse adotada também pelos que concluem o ensino superior.

Segundo a pesquisa, realizada a partir do Censo da Educação Superior 2005, somente metade dos alunos que ingressam anualmente no sistema consegue, quatro anos depois, formar-se. Em números absolutos: de 1,4 milhão de estudantes que entraram em instituições de ensino superior em 2002, cerca de 682 mil ficaram no meio do caminho. A situação brasileira se agrava quando comparada a de outros países. No Japão, a proporção de alunos que não concluem o curso após quatro anos é de 7%. No México, país em desenvolvimento como o Brasil, esse número atinge 31%.

Os dados revelam uma outra dimensão do desafio da educação superior brasileira, que extrapola a já árdua tarefa de ampliação do acesso à universidade. De 2004 para 2005, o número de matrículas no ensino superior aumentou em cerca de 290 mil. Do outro lado do funil, entretanto, mais que o dobro de alunos abandonou as salas de aula. Diante dessa situação, uma pergunta é imperativa: por que uma parcela privilegiada da população, que conseguiu superar as dificuldades que ainda entravam o sistema e tiveram acesso a uma faculdade, abandonaria o curso antes de garantir o diploma?
Parece contraditório, mas há explicação. Primeiro, é preciso destacar a precocidade da escolha da carreira no Brasil. Em geral, o jovem precisa decidir em que formação investirá seus próximos quatro ou cinco anos antes de completar a segunda década de vida. Nessa fase, marcada por muitas dúvidas e conflitos, a opinião dos pais ou dos amigos, em muitos casos, assume peso de imposição. Para evitar que o jovem abandone uma carreira na qual teria mais chances de se destacar por outra com a qual não se identifica, a escola e a família precisam dar ao “fera” a orientação e o suporte necessários a uma decisão mais consciente.

Uma iniciativa importante para combater a evasão, portanto, seria o apoio psicológico ao jovem em processo de escolha da profissão. Mas não pára por aí. A falta de conhecimento prévio sobre as carreiras, mesmo sem as interferências externas, também pode levar ao arrependimento e conseqüente abandono precoce do curso. Nesse caso, as informações acerca dos cursos e das profissões precisam estar acessíveis aos candidatos ao ingresso no ensino superior, missão que cabe tanto à escola quanto à universidade. Em contrapartida, é necessário haver também interesse do jovem – principal interessado – em buscar essas informações.

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