Perfil

Nasceu em 21 de março de 1964, em uma pequena cidade do sertão da Paraíba. Aos cinco anos, seus pais se mudam para Mato Grosso e, depois, para Rondônia.(...)
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Histórico

Educação e aquecimento global

A Academia de Artes e Ciências Cinematográficas acertou em cheio ao premiar o filme Uma verdade inconveniente, do diretor Davis Guggenheim, na categoria de melhor documentário de longa-metragem do Oscar 2007. Deu uma demonstração de que a arte, como toda e qualquer manifestação humana, não pode fechar os olhos para os problemas das comunidades, sobretudo os ambientais. Protagonizado pelo ex-vice-presidente dos Estados Unidos, Al Gore, o documentário, que não poderia ter recebido título melhor, aborda os riscos ambientais causados pelo aquecimento global.

As conseqüências “inconvenientes” desse fenômeno climático de alcance planetário, resultado da crescente emissão de gás carbônico na atmosfera, batem à nossa porta e não podem mais ser ignoradas. Enchentes, secas crônicas, extinção de espécies vegetais e animais destacam-se entre as projeções da comunidade científica internacional para o século XXI, decorrentes do aquecimento do planeta. Cientistas calculam, ainda, que, também neste século, o nível do mardeverá se elevar em cerca de meio metro, arrasando cidades costeiras como o Recife. Está nos jornais, na TV, no rádio e, agora, no cinema.

Apesar de todo o apelo midiático, a discussão ainda não chegou com a mesma força aos espaços onde poderia ser mais frutífera: nas salas de aula. São nesses locais em que a educação ambiental pode ter efeitos mais efetivos e duradouros, uma vez que funcionam como o alicerce da formação dos jovens. É papel da escola formar cidadãos conscientes, aptos para decidir e atuar na realidade socioambiental onde vivem e viverão seus filhos e netos. Sem subestimar a importância dos meios de comunicação, a escola é, sem dúvida, o caminho mais próspero para a consolidação de uma verdadeira cultura ecológica.

Reconhecendo isso, centenas de países firmaram, na década de 90, o compromisso conjunto de nortear pelas questões ambientais os currículos escolares. Contudo, ainda não se percebe até onde essa proposta, realmente, tem sido atendida. No Brasil, a temática ambiental passou a integrar os Parâmetros Curriculares Nacionais desde 1996, com a Lei de Diretrizes e Bases (LDB). Na prática, porém, a iniciativa ficou distante da proposta internacional, que prevê a reorientação ampla do sistema de ensino para a adoção do desenvolvimento sustentável e a incorporação da educação ambiental como parte essencial do aprendizado.

Em vez de o conteúdo permear as disciplinas obrigatórias, foi incluída na parte diversificada do currículo do ensino fundamental uma disciplina específica de educação ambiental. As atividades educacionais potencialmente capazes de estimular os estudantes a desenvolver uma consciência ambiental ficaram, assim, relegadas a um segundo plano. As conseqüências desse pouco investimento nas futuras gerações são desastrosas. Isto porque, embora a geração atual tenha despertado para a questão (alertada pela mídia e entidades ambientalistas), as ações empreendidas até então ainda são pouco expressivas.

A situação exige medidas urgentes – não restam dúvidas. Já passou da hora de se buscar um desenvolvimento sustentável, “aquele que satisfaz as necessidades presentes sem comprometer as necessidades das gerações futuras”, segundo definição da Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento. Se conseguirmos, em paralelo com as necessárias medidas com efeitos imediatos, transformar a escola em um núcleo formador de cidadãos social e ambientalmente responsáveis, será possível, ao menos, manter a esperança de que as futuras gerações, no exercício do poder, tenham mais discernimento que a nossa. Vamos torcer para que, quando essa hora chegar, haja tempo para compensar os erros cometidos por nós, seus avós e bisavós.

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