Perfil

Nasceu em 21 de março de 1964, em uma pequena cidade do sertão da Paraíba. Aos cinco anos, seus pais se mudam para Mato Grosso e, depois, para Rondônia.(...)
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Histórico

As escolhas (in)corretas dos indivíduos

Antes, cabia apenas ao Estado o estabelecimento da ordem. Reservavam-lhe, portanto, a tarefa de generalizar, classificar, definir e separar categorias. Hoje, há outras mãos ao leme. As forças de mercado estão com a mão ao leme no processo de estabelecimento da ordem. Ou seja, a responsabilidade pela situação humana foi privatizada, também. Existe, por conseguinte, maior complexidade para se responder o que contribui para o subdesenvolvimento de um país. Mas tornar o mais possível ativa sua população é o necessário. O indivíduo inercial é nossa opção incorreta.

Em países subdesenvolvimentos, os pobres são “pessoas exploradas” que produzem para o Estado o produto excedente a ser, posteriormente, transformado em capital. Também podem ser vistos como “exércitos de reserva da mão de obra”, que há de ser reintegrado na próxima melhoria econômica. Em países emergentes, há fundos sociais expressivos, além da preocupação em potencializar o trabalhador para o consumo. Em países desenvolvidos, surpreendemo-nos com discursos de campanha contextualizando o aumento de impostos – promessa de campanha nos discursos de Obama, hoje. Isto, antes, inconcebível. Obama não é o único a fazê-lo no momento. De fato, há vozes na voz desses candidatos. Existem mais mãos ao leme. Não há como ignorar forças se fundindo: o público e o privado. Não se diria isso em campanha eleitoral, se tudo já não estivesse assentado em estruturas sistêmicas revisadas e atualizadas para o mundo à nossa frente.

Descrever, hoje, as sociedades modernas da Europa ocidental é compreender que grupos humanos buscam legitimar as diferenças entre os seus componentes, encadeando-as nas convenções da sua particular organização, rearticulando solidariedades étnicas, formas pré-capitalistas de produção, vida rural ou estamentos sociais com a imagem de Estado-nação, com capitalismo, com forma empresarial de organização, com convivências transnacionais e consequentes valores jurídicos imbricados. As pessoas precisam mais e mais participar desses processos. E corretamente estão participando.

Não é mais possível restringir-se a fronteiras ou limitar-se a paralelismos ultrapassados e simplistas como exploradores e explorados. Fixar-se nesse espelho é uma escolha incorreta. A política de campanha, por exemplo, é atraente como forma de substituir as manifestações de movimento. Estar preso a manifestações ideológicas ultrapassadas que nos deixam apenas como explorados diante do espelho é a escolha errada. Essas ideologias partem de premissas simplistas e arcaicas. País subdesenvolvido é país com seu povo sem demarcar identidades. É país de nômades. Disse-nos Edmond Jabes que nesse lugar-sem-lugar (de nômades) “não há avenidas, bulevares”. Existem apenas “vestígios, passos rapidamente apagados e negados como o que se encontra em desertos”.

Enquanto os trens de países subdesenvolvidos correm em círculos (como os de brinquedo), os de países avançados rompem fronteiras. Definições são inatas, mas identidades são constituídas. O mundo não nos quer fixos. Deve-se negar a fixação de identidade. O tempo já não estrutura o espaço. O que conta é a habilidade que o indivíduo tem de movimentar-se. Adequar-se, ter capacidade de assimilar experiências quando elas surgem. Potencializar-se através de investimentos educacionais é escolha prudente, por exemplo.

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