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Nasceu em 21 de março de 1964, em uma pequena cidade do sertão da Paraíba. Aos cinco anos, seus pais se mudam para Mato Grosso e, depois, para Rondônia.(...)
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Histórico

A hemorragia bolivarianista da América Latina

Durante a Cúpula das Américas, o presidente venezuelano Hugo Chávez presenteou o governante americano Barack Obama com um exemplar de As veias abertas da América Latina, do uruguaio Eduardo Galeano. Foi o suficiente para que a obra voltasse a figurar na lista dos mais vendidos. O livro, lançado em 1970, apresenta uma análise da história de exploração econômica e política nos países latino-americanos, desde a colonização até o período de regimes militares que assolaram a região na segunda metade do século 20. No começo deste mês, Galeano esteve em Pernambuco, para a conferência de abertura da Festa Literária Internacional de Porto de Galinhas (Fliporto).

Com a América Latina passando por um momento sem precedentes em sua história política, faz-se necessário uma reedição da obra de Galeano que compreenda a análise da atual conjuntura política dos países da região. Acostumada a vieses dicotômicos – quando hora era levada por regimes liberais, hora por regimes comunistas – vê-se agora envolta em um mar de más rotulações, causadas por imprecisões conceituais à luz dos velhos manuais de filosofia política. As veias da América Latina estão cada vez mais abertas, em uma hemorragia ideológica chamada bolivarianismo.

Dizem os seus próceres, o bolivarianismo segue, à risca, o ideário do libertador Simon Bolívar. Militar de alto grau, Bolívar foi o precursor do sonho da integração política da América Latina e que acalentava posições reconhecidamente socialistas românticas. Acontece que a dita nova esquerda latino-americana – leia-se Hugo Chávez, Cristina Kirchner, Rafael Correa, Evo Morales – transformou um punhado de frases de efeito e boa retórica numa mixórdia pérfida, onde em nome de proposições aparentemente legítimas se joga no lixo todos os princípios democráticos. Aliás, todos não, pois se excetua um: o sufrágio. E é no sufrágio, ou seja, no inalienável direito de voto dos cidadãos que se aboleta a grande confusão.

Os defensores da nova ordem política da América Latina asseveram que a democracia está assegurada nesses países por conta do incremento de eleições livres. Por eleições livres deve-se entender não apenas a liberdade no ato de pôr um voto na urna, ou, na versão moderna, apertar o botão verde: “confirma”. O verdadeiro voto deriva do discernimento crítico obtido pela boa educação política, fato esse cada vez mais raro nos países alicerçados sobre a égide do bolivarianismo, onde se impõe às escolas currículos ideologicamente direcionados e se caça a concessão de rádios e tvs contrários ao regime, com o objetivo de se “estatizar” corações e mentes.

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