A classe média excluída
O índice de evasão nas instituições privadas vem crescendo a cada ano. Dados divulgados pelo Sindicato das Faculdades Particulares de São Paulo (Semesp) refletem uma tendência nacional. De acordo com o estudo recente da entidade, cerca de 18% dos alunos desistiram do curso superior. Em 2000 este índice girava em torno dos 14%. Os resultados revelam não só o empobrecimento da população, que não pode mais pagar pelo Ensino Superior, mas um direcionamento falho das políticas de inclusão social. Temos que ovacionar o Programa Universidade para Todos (Prouni), que possibilitou que uma parcela da população das classes D e E ingressasse em uma graduação, sonho até então distante. No entanto, uma outra parte dessa pirâmide fica esquecida pelas políticas públicas: a classe C. Enquanto a elite continua a ocupar as vagas nas instituições federais, a classe média baixa se esforça para pagar pela educação, já que não consegue preencher os requisitos dos programas sociais, a exemplo do Prouni. Com os percalços das finanças domésticas, na hora de reduzir custos, priorizam-se itens de necessidade básica e as despesas com Educação Superior acabam sendo eliminadas, ocasionando nesta debandada das instituições privadas, comprovada na pesquisa do Semesp. Sem investimento em educação, o caminho dessas famílias rumo à ascensão econômica e social fica ainda mais longo e o limiar com a pobreza mais tênue.
Muito interessante e oportuno este debate sobre o achatamento da classe média C e a consequente evasão escolar do ensino superior e, claro, de outros consumos também.
Parabéns! Arnaud Mattoso, Jornalista