Perfil

Nasceu em 21 de março de 1964, em uma pequena cidade do sertão da Paraíba. Aos cinco anos, seus pais se mudam para Mato Grosso e, depois, para Rondônia.(...)
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Histórico

“Para ser grande o Brasil precisa investir forte em Educação”

O Brasil, nos últimos anos, devido ao bom desempenho da economia, viu o crescimento do poder de compra da população e o surgimento de uma nova classe média. Mas esses avanços ainda não se converteram em um desenvolvimento educacional da população, cujo tempo médio de escolaridade ainda é de 7,4 anos, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Hoje, o país sofre um apagão na mão-de-obra em diversos setores em virtude da falta de qualificação profissional. Para o fundador e acionista controlador do Grupo Ser Educacional, Janguiê Diniz, que englobam as Faculdades Maurício de Nassau, Joaquim Nabuco, Fabac e Colégio BJ, só por meio da educação é que o Brasil dará o salto em desenvolvimento. Ele cita o próprio exemplo para mostrar que só com conhecimento é que se pode atingir metas e realizar sonhos. Nasceu num sítio em Santana dos Garrotes, na Paraíba. Foi engraxate, vendedor de picolé até tornar-se, por meio de concursos públicos, mestre e doutor em direito, professor da UFPE, juiz e procurador do Trabalho, e fundar, em 2003, com a Faculdade Maurício de Nassau o Grupo Ser Educacional. Hoje a instituição está presente em seis estados do Nordeste – Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Bahia, Sergipe e Alagoas, reunindo cerca de 40 mil alunos e 4 mil funcionários. Nesta entrevista ele revela o que fazer para melhorar a educação no Brasil e conta sobre os novos investimentos do Grupo Ser Educacional.

O que falta para a educação no Brasil dar o salto de qualidade que o País precisa?
Janguiê Diniz – Falta muita coisa. A educação é o principal motor de um país. Para sairmos do estágio atual para um estágio de desenvolvimento temos que investir maciçamente em educação. Apesar de 94% das crianças chegarem às salas de aulas, elas não continuam na escola. A evasão gira hoje em torno de 50% a 70% das crianças e jovens dos ensinos fundamental e médio. Temos o desafio também de inserir milhões de jovens na Educação Superior. Atualmente apenas 7 milhões de jovens entre 18 a 24 anos, cerca de 14% da população nesse faixa etária, estão na universidade, 76% deles em instituições privadas. Entretanto, 86% está fora da universidade. Isso é muito grave. O Plano Nacional de Educação (PNE) para a próxima década prevê elevar a taxa bruta de matrículas na Educação Superior em 50% e a taxa líquida para 33% da população entre 18 e 24 anos. Para darmos condições de acesso à universidade será necessário ampliar o sistema de financiamento. O ensino técnico também precisa ser fortalecido e presidente Dilma Rousseff já sinalizou nesse sentido, com a criação do Programa Nacional de acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec), que prevê o financiamento de cursos profissionalizantes de nível médio para estudantes de famílias de baixa renda. É que estamos vivendo na era da globalização, na qual a educação é universal e o conhecimento é muito mais importante que os recursos materiais como fator de desenvolvimento humano, tornando-se instrumento de poder.

A que se deve essa evasão tão grande ainda no Ensino Básico?
Janguiê Diniz –
Em primeiro lugar a qualidade da educação é precária. As escolas públicas estão sucateadas. Grande parte dos professores são mal qualificados e mal remunerados. Ademais, a escola tem que ser atrativa para o aluno através de recursos tecnológicos, etc. Não basta você dar a escola você tem que atrair a criança, desafiá-la. Não adianta colocar o jovem na escola e ele sair de lá um analfabeto funcional. Ou seja, sabe escrever, mas não sabe o que está escrevendo, e não sabe interpretar um texto. Em suma, tem que dar escola equipada, professores preparados e bem remunerados, esporte, alimentação, recursos tecnológicos e enchê-los de sonhos.

Então, o que deve ser feito para desatar esse nó da educação?
Janguiê Diniz –
Deveria haver uma lei tornando obrigatório todo o Ensino Básico. Os pais teriam de colocar os filhos na escola durante os doze anos que compõe esse ciclo com subsídio do Governo. O investimento em educação no Brasil teria que ser ampliado. Teríamos que criar um sistema rígido de controle dos investimentos para evitar desvios. Depois teríamos que ter escolas bem equipadas, com esporte, merendas, professores motivados, bem qualificados e bem pagos. A meritocracia deveria ser implantada em todas as escolas brasileiras. Mas temos que lembrar que resolver os problemas da educação demanda tempo, mas temos que dar início ao processo para não ficarmos ainda mais para trás no desenvolvimento. Países como a Coréia do Sul, a Finlândia, hoje são potências porque enfrentaram o problema e investiram pesado em educação. Com isso elevaram a qualidade de vida das pessoas.

O senhor identifica alternativa para a mobilidade social que não seja por meio da educação?
Janguiê Diniz –
A única alternativa para a mobilidade social é através da educação. Eu dou sempre um exemplo prático: eu mesmo. Comecei a trabalhar aos oito anos de idade como engraxate de rua e aos dez já estava vendendo picolés de casa em casa, em Pimenta Bueno, Rondônia, para onde me mudei com meus pais para fugirmos da seca em Santana dos Garotes, na Paraíba. Mas via que a única forma de mudar de vida era por meio dos estudos, por isso, aos 14 anos, parti para o Recife, cidade que me proporcionaria mais oportunidades de estudos. Estimulei todos os meus irmãos a estudarem também. Hoje faço o mesmo com meus três filhos, com o apoio de minha esposa, Sandra, que também é uma grande educadora.

Pelo estudo o senhor realizou seus sonhos e atingiu suas metas?
Janguiê Diniz –
Só pelo estudo é que hoje posso me considerar um empreendedor bem sucedido. Estudei e me formei nos cursos de Direito (UFPE) e Letras (UNICAP). Comecei com um escritório de advocacia e depois reforcei meus estudos para me tornar especialista, mestre e doutor em direito, Juiz do Trabalho e em seguida Procurador do Trabalho, função que exerço desde 1993 até hoje. Através dos estudos consegui escrever 12 livros. A partir daí descobri o meu viés empreendedor com a abertura do curso preparatório para concursos chamado Bureau Jurídico, que deu origem ao Grupo Ser Educacional. Não teria chegado aonde cheguei se não tivesse me preparado, renunciado a diversão para me debruçar sobre os livros. Hoje, apesar da agenda atribulada de compromissos profissionais, concilio meu tempo com duas prioridades: o estudo contínuo e a minha família. Quando sai de Pimenta Bueno sozinho em busca de uma vida melhor no Recife, trazia na bagagem o sonho de poder reunir minha família novamente próxima a mim. Realizei. Além de me casar e criar meus filhos no Recife, hoje vivo próximo aos meus seis irmãos e aos meus pais. Meus pais são meus alicerces. Exemplos de ética e caráter. Eles sempre me ensinaram que a palavra está acima de tudo. Palavra uma vez dada deve ser cumprida. Meus irmãos são meus sustentáculos em meus negócios. Todos trabalham comigo. Minha mulher e meus filhos minha vida, que me proporcionam maturidade emocional para continuar lutando.

O senhor fala nesse viés empreendedor. Ele sempre esteve com o senhor?
Janguiê Diniz –
Sempre pensei em investir em educação. Numa educação de qualidade. Começamos com um curso preparatório para concursos, o Bureau Jurídico, que foi ampliado para o Colégio BJ, para a Faculdade Maurício de Nassau, Faculdade Joaquim Nabuco, etc. Hoje todos os empreendimentos fazem parte do Grupo Ser Educacional. Hoje o Grupo está presente em seis estados do Nordeste – Pernambuco, Paraíba, Bahia, Alagoas, Sergipe e Rio Grande do Norte. Temos uma gestão empreendedora, ousada e corajosa. Empreender é fazer coisas difíceis, fora do comum. É transformar pensamentos em ação e sonhos em realidade. Nasci para sonhar muitos sonhos. Sonhos impossíveis. É que o homem de um sonho só é um pobre de espírito e de espírito pobre. Venho ao longo da minha vida sonhando vários, transformando alguns em ações, tentando outros, e poucos restam sepultados na cova do tempo.

O que se pode esperar do Grupo Ser Educacional?
Janguiê Diniz –
Vamos continuar investindo fortemente no Brasil. Investir em educação de qualidade em todas as áreas, para que o nosso pais possa ter bons profissionais. Pessoas qualificadas para atender ao mercado de trabalho. Vamos ampliar nossas fronteiras para diversas cidades. Estamos inaugurando este semestre os novos campus de Caruaru e de Fortaleza. Este ano já fizemos alto investimento nos novos campus das faculdades Maurício de Nassau de João Pessoa e de Campina Grande, Paraiba. Compramos recentemente uma faculdade em Aracajú. Nosso projeto é estar presente em todos os estados do Nordeste e do Norte. Nas unidades já existentes, também trabalhamos continuamente com pesquisas para identificar as novas demandas da economia local para podermos desenvolver projetos para a abertura de novos cursos que atendam as necessidades do mercado. Por exemplo, em Pernambuco, com a expansão do setor de construção civil e industrial, neste último mês aprovamos junto ao Ministério da Educação (MEC) a autorização para a abertura dos cursos de Engenharia Civil, Elétrica, Mecânica e Química. O de medicina esta prestes a ser aprovado também.

O senhor falou que o Grupo Ser Educacional tem cerca de 4 mil funcionários. Como se sente sendo responsável por tanta gente?
Janguiê Diniz –
Como filho mais velho de uma família de 7 irmãos, a minha vida inteira foi cuidar das pessoas. Inicialmente dos meus pais e dos meus 6 irmãos. Era eu quem levava meus irmãos para a escola e quem ensinava-lhes as tarefas. Até hoje todos trabalham comigo. Ademais, o empreendedor tem que gostar de gente. Hoje sou responsável por 4 mil famílias de colaboradores. Trato todos eles com muito carinho. Desde o funcionário dos serviços gerais ao Diretor. Agradeço imensamente a colaboração e o esforço de cada um deles em prol do grupo. Além disso, hoje o Grupo é um dos três maiores pagadores de imposto (ISS) do Recife. Só perde para o Hipercard e para o Banco do Brasil. Isso nos orgulha muito por estar colaborando com o desenvolvimento de nossa cidade e de nosso estado. Gerar empregos e promover a educação são nossas metas. Além de tornar a população mais instruída e produtiva, investir em ensino movimenta a economia interna, estimulando o consumo e a produção de bens e serviços.

Sabe-se que a Maurício de Nassau é campeã geral dos jogos universitários brasileiros. O que o leva a investir em esportes?
Janguiê Diniz –
Sempre gostei muito de praticar esportes. Inicialmente judô. Depois futebol e voleibol. Sou um jogador de final de semana (infelizmente – rsss) de vôlei de praia. O esporte é uma das formas de se adquirir a cidadania. Hoje concedemos cerca de 500 bolsas de estudos integrais para atletas em nossas unidades. Digo a todos eles que tem que vencer no esporte e no estudo para ser vencedor na vida. E para vencer na vida todos tem que estudar e se formar. O atleta que não estuda é dispensado. Nesses 8 anos de existência da Maurício de Nassau, vários já se formaram e estão empregados com uma vida digna. Vejo nos olhos deles a satisfação de ter tido, através do esporte, a oportunidade para se formar e conseguir um emprego. Criamos também a maratona internacional Maurício de Nassau que já teve duas edições. O objetivo da maratona é incentivar o esporte, incrementar o turismo em Pernambuco e dar visibilidade internacional ao Recife.

Quais são os projetos de responsabilidade social do Grupo Ser?
Janguiê Diniz –
A missão do Grupo Ser Educacional consiste em ser uma instituição formadora de cidadãos qualificados e preparados para o mercado de trabalho imbuídos de responsabilidade social e compromissados com o desenvolvimento econômico, social e cultural da região. Nesse sentido, temos vários projetos sociais. O primeiro deles é o investimento em esporte com a concessão de centenas de bolsas atletas. O segundo é ser o terceiro maior pagador de imposto de Recife. Além disso temos diversos projetos sociais como o Projeto Faculdade na Comunidade com a realização de ações sociais de professores e alunos dos cursos de saúde e humanas nas favelas locais. Contratação de funcionários portadores de deficiência. Projeto Informática cidadã com a realização de cursos de informática para jovens desassistidos nos laboratórios da faculdade. Projetos sociais restauradores dos prédios históricos da Fundição Capunga; Criação do Instituto Maurício de Nassau e Instituto do Frevo encarregados de divulgar a cultura da região, especialmente a do frevo; Política de coleta seletiva de lixo; reaproveitamento de papéis usados; adoção de praças; campanhas de arrecadação de alimentos em todas as tragédias que ocorreram em Pernambuco e no Brasil; Forum Universitário Maurício de Nassau com a prestação de serviços jurídicos gratuitos para a comunidade; Oferecimento de crédito universitário próprio de 50% (EDUCRED); oferecimento de centenas de bolsas do FIES, além do oferecimento de mais de 2 mil bolsas de estudos integrais para jovens carentes através do PROUNI, etc.

Quais os investimentos do Grupo para Pernambuco?
Janguiê Diniz –
Além do investimento na nova unidade de Caruaru, o Grupo Ser Educacional está promovendo a revitalização do centro do Recife, por meio da aquisição e reforma de prédios abandonados da av. Guararapes, impulsionando a revitalização do bairro de Santo Antônio, com vocação para um grande centro metropolitano de serviços. Adquirimos seis grandes edifícios na região, locais que deverão sediar cursos superiores e técnicos. Entre os imóveis estão os três edifícios onde atualmente funciona a Faculdade Joaquim Nabuco, além dos edifícios Trianon e Art-Palácio, vários pavimentos do Edifício JK e o Edifício Sigismundo Cabral onde funcionou o Bar Savoy. Os prédios serão recuperados e restaurados, respeitando a preservação do patrimônio arquitetônico, cultura e histórico. Além disso, vamos devolver ao Recife o Bar Savoy, agora como um Espaço Cultural, em parceria com o Instituto Maximiano Campos. Sou um apaixonado pelo Recife e quero devolver para a cidade tudo de bom que ela me deu.

Uma Resposta para ““Para ser grande o Brasil precisa investir forte em Educação””

  • Checando acesso somente. Vou ver se consigo disponibilzar este blog no meu favoritos. Não tenho muita habilidade em manipular estes recursos da internet, mas as vezes ouso pensar que tenho algumas para analisar informações como estas. Gosto do tema educação enquanto instituição. Não é uma panacéia em si mesmo, mas é o único fator de mudanças, e o mais importante: sem derramamento de sangue. O arsenal de combates são as idéias e não o armamento bélico.Esta entrevista merece leitura acurada. Lição de empreendorismo engajado. Se o tempo permitir pretendo participar do blog, seja lá o que for este negócio (risos) de mim mesmo pela minha “ingnorança” em informática.

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