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Nasceu em 21 de março de 1964, em uma pequena cidade do sertão da Paraíba. Aos cinco anos, seus pais se mudam para Mato Grosso e, depois, para Rondônia.(...)
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Alcides e as prioridades do Estado

Refleti sobre o assassinato de Alcides. Após longa reflexão, cheguei à conclusão de que o Estado brasileiro como provedor de bens públicos está em estado de bancarrota. Talvez seja necessário, assim como sugere Francis Fukuyama, reconstruir o Estado brasileiro. Ele precisa ser dotado de eficiência. Os problemas sociais precisam ser enfrentados.

Sou favorável à educação básica de qualidade para todos. Sou favorável a que todas as mães tenham o direito, ao saírem para o trabalho, de deixarem os seus filhos em creches. Defendo que possamos andar tranquilamente pelas ruas das cidades brasileiras. Torço para que o Sistema Único de Saúde (SUS) seja eficiente, não apenas universal.

Mas como podemos tornar o Estado eficiente? Os meus sonhos podem se tornar realidade? O assassinato de Alcides me faz pôr em realce alguns dos sonhos meus. Assim como a minha mágoa com o Estado brasileiro. Vejam: caso Alcides tivesse tido direito a uma educação básica de qualidade, ele não seria uma notoriedade. Esta chegou até ele em razão da sua origem e da falência do Estado brasileiro como provedor da educação básica.

Quantos morrem assassinados? Quantos morrem por falta de atendimento na rede pública de saúde? Quantas crianças perambulam pelas ruas do Recife? E o acesso dos jovens à educação?

Apenas cerca de 12% dos jovens brasileiros têm acesso ao ensino superior. Percentual vergonhoso. Os índices de assassinatos no Brasil são alarmantes. Nos Estados Unidos, Obama tenta universalizar os serviços de saúde. Então, reconheço que o problema da saúde pública atinge países com economias desenvolvidas. Porém, no Brasil, não estamos dispostos a discutir o SUS. Não estamos dispostos também a ampliar o acesso à moradia por parte dos mais pobres, apesar do excelente programa Minha Casa, Minha Vida.

Não é adequado responsabilizar o governo atual pelo assassinato de Alcides. É adequado cobrarmos as prioridades dos vários governos. Investimentos em saúde pública, em educação, em urbanização e em segurança são necessários. Mas é evidente que o orçamento do Estado brasileiro não é suficiente, já que os gastos correntes da máquina pública brasileira são altos. Não sobram recursos para investimentos. Portanto, como bens públicos podem ser ofertados de modo eficiente?

Indivíduos – em particular, crianças e jovens – precisam de oportunidades. É o estado que deve ser o responsável por criar meios para que elas sejam oferecidas de modo igualitário. Alcides lutou e conseguiu superar as contradições da sociedade brasileira, no instante em que adentrou na Universidade. Mas, infelizmente, ele não conseguiu superar outra contradição: a violência dentro do seu espaço de convívio social. O assassinato de Alcides deve incentivar os governos a definirem as suas prioridades.

Uma Resposta para “Alcides e as prioridades do Estado”

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