Perfil

Nasceu em 21 de março de 1964, em uma pequena cidade do sertão da Paraíba. Aos cinco anos, seus pais se mudam para Mato Grosso e, depois, para Rondônia.(...)
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Histórico

A morte do Mestre

Um paraibano que veio para o Recife em 1942 e construiu em Pernambuco sua vida. Formado em Direito, dramaturgo, escritor, romancista, poeta, ensaísta, político, fundador do Teatro Popular do Nordeste, membro fundador do Conselho Federal de Cultura, criador do “Movimento Armorial”, ocupante da cadeira 32 da Academia Brasileira de Letras e membro da Academia Pernambucana e Paraibana de Letras, Doutor Honoris Causa da Universidade Federal do Rio Grande do Norte e da Universidade Federal do Ceará e torcedor fanático do Sport Club do Recife. Esse era apenas uma parte do nosso mestre Ariano Vilar Suassuna, que deixa nossa cultura órfã e mais triste após sua morte.

Ariano possuía as mais extraordinárias qualidades de homem de letras e de intelectual no melhor sentido da palavra. E se “o otimista é um tolo. O pessimista, um chato. Bom mesmo é ser um realista esperançoso”, pode parecer clichê, mas, em um mês que perdemos João Ubaldo, Ivan Junqueira e Ariano, nos resta acreditar que as próximas geração poderão desfrutar de tanta genialidade na imortalidade de suas obras.

Foi o “Auto da Compadecida”, em 1955, que projetou Ariano pelo Brasil. Sua obra mais conhecida, já foi montada exaustivamente por grupos de teatro de todo o país, além de ter sido adaptada para a televisão e para o cinema. Como esquecer as confusões de João Grilo e Chicó? E mais ainda: como esquecer a personalidade forte de Ariano, que dizia ter antipatia ao tipo de arte massificada, vinda de fora, que o povo precisava “engolir”.

Suassuna era defensor da cultura popular. E isso ficou ainda mais evidente quando, em 1970, ele reuniu inúmeros artistas pernambucanos em torno da ideia de misturar música, artes cênicas, literatura, artes plásticas e cinema com a cultura popular. Dando origem ao que ele batizou como “Movimento Armorial”. Para esclarecer, armorial significa a coleção de insígnias de um povo, ou seja, a essência, as características populares.

Ariano tinha o dom de contar histórias. Tinha o dom de mesclar o erudito com o popular e talvez por isso tenha conquistado uma multidão de fãs e admiradores que lotavam suas aulas-espetáculos por todo o Brasil. Seu bom humor era admirável… Poucos eram capazes de fazer piadas com a própria desgraça, como ele fazia, mas sem utilizar do humor negro característico de humoristas.

Como bom nordestino, ele fazia questão de ressaltar que não trocava o seu “oxente” pelo “ok” de ninguém! E como bom paraibano, dizia que não gostava da ideia de ter ‘medo de morrer’. Mais ia mais além, não gostava de confessar que tinha medo. E como em um trecho de sua mais famosa obra, Ariano “cumpriu sua sentença. Encontrou-se com o único mal irremediável, aquilo que é a marca do nosso estranho destino sobre a terra, aquele fato sem explicação que iguala tudo o que é vivo num só rebanho de condenados, porque tudo o que é vivo, morre” (O Auto da Compadecida).

Palmas para o gênio Ariano Suassuna! Devemos agradecer por sua arte, por ter nos divertido por tantos anos e ao mesmo tempo, por ter nos ensinado tanto. Não há dúvidas que seu talento e suas histórias nunca serão esquecidas.

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