Crise e futuro
O Relatório do Fundo Monetário Internacional (FMI) sugere que as perspectivas para os próximos anos da economia brasileira são sombrias. De acordo com o relatório, a inflação, neste ano, sairá da meta e a previsão é de que ela alcance 7,8%. Em 2016, a expectativa é de um recuo da taxa para 5,9%. A contração da economia tende a ser de 1% em 2015, voltando a crescer 1%, em 2016, segundo o FMI.
Por outro lado, as perspectivas para a crise política não são tão pessimistas. Se no início do segundo mandato do governo Dilma Rousseff, o presidencialismo de coalizão funcionava conturbadamente, é possível que ocorra processo de arrefecimento entre o Congresso Nacional e o Poder Executivo.
Política, economia e opinião pública estão relacionadas simetricamente. O crescimento econômico motiva o aumento da satisfação dos eleitores para com o governo. Quando sufragistas apoiam majoritariamente o governo, o presidencialismo de coalização funciona sem fortes turbulências. Estes mecanismos foram observados em 2011 e 2012, anos iniciais do primeiro mandato do governo Dilma Rousseff.
Neste momento, não há crescimento econômico e, por consequência, os eleitores, majoritariamente, reprovam a gestão de Dilma Rousseff, colocando o regime governamental sobre fortes turbulências. O futuro aparenta ser difícil. Porém, a expectativa é que 2015 sirva para realizar ajustes.
O envolvimento do vice-presidente da República Michel Temer na articulação política é o primeiro passo para a construção de um futuro promissor. Temer, junto com outros ministros e a disposição da presidente da República pode apaziguar a relação com o Congresso Nacional. Com isto, o ajuste fiscal proposto por Joaquim Levy tem condições de ser aprovado.
A aprovação desse ajuste fiscal e o esforço do governo para resgatar a confiança do setor produtivo e da sociedade brasileira farão com que existam esperanças para o futuro próximo. O ajuste fiscal, como bem ressaltam diversos economistas, construirá condições para o retorno do crescimento econômico e o controle da inflação. Caso isto ocorra, surgirão condições mais adequadas para o retorno dos avanços socioeconômico.
O cotidiano da política serve para explicar as crises. Em momentos assim, a opção pela tragédia não é escolha coerente para um país que insiste em avançar desde a época do Império. A melhor opção ainda é o diálogo, o exercício responsável da oposição e o reconhecimento de que, na próxima eleição presidencial, todos os partidos políticos terão oportunidades de oferecer novas opções de agenda ao Brasil.