Perfil

Nasceu em 21 de março de 1964, em uma pequena cidade do sertão da Paraíba. Aos cinco anos, seus pais se mudam para Mato Grosso e, depois, para Rondônia.(...)
Saiba mais.

Vale a pena

Histórico

Tributos: longe do ideal

O Governo brasileiro comemorou a notícia vinda da Receita Federal: a arrecadação de impostos bateu recorde em julho. E mais: recorde pelo sétimo mês consecutivo. Faz sentido a carga brasileira se mostrar elevada este ano, considerando a base de comparação baixa de 2009, com a crise econômica mundial. No entanto, os números são mesmo elevados e a expectativa da Receita é que a arrecadação bata recorde no ano de 2010, superando o valor já alto de 2008.

O total arrecadado somente no mês de julho foi de R$ 67,973 bilhões, o que inclui os impostos e as contribuições federais e as contribuições previdenciárias ao Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS). Em relação ao mês anterior, quando a arrecadação alcançou pouco mais de R$ 61 bilhões, foi verificada alta real de 10,54%. Na comparação com julho do ano passado, quando a arrecadação atingiu R$ 61,372 bilhões, houve crescimento real de 10,76%.

A soma de impostos, taxas e contribuições paga pelos cidadãos e empresas brasileiras aos três níveis de Governo pode representar 34,7% do PIB (Produto Interno Bruto), aumentando em um ponto percentual em relação a 2009 e ultrapassando a marca de 2008, de 34,4%. A Receita Federal fala em aumento entre 10% e 12% este ano. O motivo do otimismo está nos bons indicadores econômicos, sendo considerados os índices de produção e as vendas. A ampliação da massa salarial também mostra-se como fator positivo para o aumento da carga tributária em 2010. Ou seja, é o crescimento da economia do País que está ampliando a base de tributação.

Por um lado, a expansão da arrecadação de impostos pode ser vista como positiva, uma vez que, em um ambiente favorável de negócios, as empresas passam a lucrar mais e contratar mais empregados, inclusive muitas vezes com aumento de salário. Em contrapartida, o Brasil apresenta uma das maiores cargas tributárias do mundo. Na verdade, temos a maior arrecadação de impostos entre todos os países emergentes ou em desenvolvimento do mundo.

Enquanto isso, o Governo Federal comemora os recordes de arrecadação. No entanto, a função dos tributos, que seria cobrir os gastos públicos do Estado, garantindo a efetividade dos direitos essenciais dos indivíduos, não ocorre. A Constituição Federal prevê como direitos do indivíduo a educação, a moradia, o trabalho, a saúde, a segurança, o lazer, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, entre outros.

Estamos longe de erradicar a pobreza e a marginalidade. Longe de reduzir as desigualdades sociais. E surge a pergunta: onde está sendo aplicado todo esse dinheiro dos recordes de arrecadação que deveria custear esses serviços? A resposta não é difícil. Os altos gastos com a manutenção da máquina estatal – lembrando que esta encontra-se inchada e excessivamente onerosa – e os escândalos de corrupção presenciados nos últimos anos mostram um caminho errado das verbas públicas.

Esta semana, o presidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles, disse não haver espaço para uma mudança de política econômica do País. Às vésperas do processo eleitoral que definirá um novo presidente para o Brasil, a intenção de Meirelles é apontar a atual gestão como ideal para a economia brasileira. Mas não é. O elevado patamar da carga tributária é apenas um exemplo. A alta taxa básica de juros e o nível de investimento do Governo na economia também não são satisfatórios, além do câmbio desvalorizado. Neste sentido, vivemos uma contradição. O Brasil tem uma das mais elevadas cargas tributárias, mas estamos distantes, muito distantes, de uma sociedade livre, justa e solidária. Uma sociedade digna de comemorações.

Deixe um comentário