Perfil

Nasceu em 21 de março de 1964, em uma pequena cidade do sertão da Paraíba. Aos cinco anos, seus pais se mudam para Mato Grosso e, depois, para Rondônia.(...)
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Histórico

Redes de indignação

Todos nós assistimos a uma série de protestos que eclodiram país afora durante o mês de junho. A adesão aconteceu em várias cidades e as reclamações foram diversas: mobilidade urbana, transporte público, educação, saúde, independência do Ministério Público para investigar, gastos com a Copa das Confederações, corrupção. Apesar da diversidade de bandeiras, o povo foi às ruas reclamar e conseguiu o apoio da maioria da população brasileira, conforme revelaram as pesquisas.

As manifestações continuam a ocorrer. Entretanto, elas não conseguem reunir multidões semelhantes às observadas em junho. E, ao contrário das passeatas pacíficas, ao utilizarem de atos violentos, os protestos estão perdendo apoio entre os eleitores brasileiros, conforme mostrou pesquisa do Datafolha divulgada em 15/09/2013. As reclamações dos manifestantes foram reduzidas e, lideradas por indivíduos que pertencem ao grupo Black Bloc, as manifestações reclamam do capitalismo e defendem a gratuidade do transporte público.

Manifestações não são uma novidade no Brasil, elas sempre ocorreram costumeiramente em razão dos diversos problemas existentes. Porém, os manifestos de junho foram diferentes. Reuniram milhares de pessoas, em variadas cidades, com diversas reclamações e as redes sociais foram os vetores que possibilitaram a organização. O inverso dos protestos mais recentes, que têm reunido poucas pessoas e resultado em confrontos com a polícia.

Neste sentido, vale observar as mudanças das manifestações no País. Se antes, os protestos eram localizados e ocorriam em virtude de um determinado problema, como, por exemplo, a ausência de passarelas para a travessia de vias públicas, as manifestações de junho ganharam uma amplitude, tanto em número de participantes quanto em localização. Elas foram pujantes, inclusive com coberturas quase que exclusivas sobre o tema pelos meios de comunicação.

Os três tipos de manifestações sugerem a formação de redes de indignação. Tomamos emprestado este termo do sociólogo Manuel Castells, autor do livro “Redes de indignação e esperança – Movimentos sociais na era da internet”. Redes de indignação representam indivíduos on-line ou off-line, que se reúnem para reclamar das condições socioeconômicas vigentes.

Observamos que as redes de indignação no Brasil sofreram metamorfoses. Mas, tal metamorfose não significa que as manifestações corriqueiras deixaram de ocorrer e não mais ocorrerão. Ao contrário, elas são costumeiras e, apesar das instituições saberem conviver com elas, precisam continuar a atendê-las. As manifestações Black Bloc estão a ocorrer e devem continuar, principalmente em razão da realização da Copa do Mundo em 2014 em diversas capitais do Brasil.

A nossa dúvida, neste instante, é se as manifestações pujantes voltarão a ocorrer. Desconfiamos que sim, pois temos a hipótese de que a ocorrência das manifestações corriqueiras e as lideradas pelos Black Bloc são combustíveis para a origem das manifestações pujantes. O fato benéfico é que redes de indignação estão presentes na sociedade brasileira. E com isto, as instituições continuarão a se aperfeiçoar.

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