Perfil

Nasceu em 21 de março de 1964, em uma pequena cidade do sertão da Paraíba. Aos cinco anos, seus pais se mudam para Mato Grosso e, depois, para Rondônia.(...)
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Histórico

Pan e Parapan

Um verdadeiro espetáculo de superação. Assim podemos definir os Jogos Parapan-Americanos, que reuniram mais de 1,3 mil atletas no Rio de Janeiro. O Brasil não somente teve a honra de sediar a competição como conquistou o maior número de medalhas entre os países americanos – 228, das quais 83 de ouro, 68 de prata e 77 de bronze. O resultado é motivo de orgulho. Pela primeira vez na história, o País terminou a competição no topo do quadro de medalhas. Mas não é só isso. Quando comparamos o desempenho brasileiro no Parapan com o alcançado no Pan, percebemos que os nossos atletas com necessidades especiais conquistaram uma vitória importantíssima.

Nesta edição do Parapan, a delegação brasileira garantiu o primeiro lugar no quadro geral. Com 112 medalhas, menos da metade que o Brasil, o Canadá ficou em segundo. Já nos Jogos Pan-Americanos, a classificação ficou diferente. O Brasil foi apenas o terceiro lugar, atrás de Cuba e dos Estados Unidos, respectivamente, quinto e terceiro no Parapan. O contraste entre as performances brasileiras nas duas modalidades sugere, em princípio, que, no País, pessoas com deficiência estão recebendo um estímulo crescente para se engajar na prática esportiva. Mas esse não foi o fator determinante para a conquista: a força de vontade de nossos atletas, com toda a certeza, fez a diferença.

Qualquer que seja a explicação para o excelente desempenho brasileiro nos Jogos Parapan-Americanos, mais válido é registrar que o resultado alcançado vai além da conquista de medalhas. O esporte é instrumento de inclusão social, pois – como define a Lei nº 9.615, de 1998, conhecida como Lei Pelé –, promove o “desenvolvimento integral do homem como ser autônomo e participante”. Também permite ao indivíduo identificar seus limites e explorar suas potencialidades. Tendo em vista esses preceitos, a prática desportiva assume valor inestimável para uma parcela considerável de brasileiros com deficiência que ainda enfrenta sérias dificuldades para ter acesso a direitos básicos, como a educação.

Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) indicam que há 24,5 milhões de pessoas com deficiência no País – visual, auditiva, motora ou mental –, das quais apenas 3,2 milhões freqüentam algum tipo de escola. Esse número cai para 700 mil quando se trata de pessoas em idade média de ingresso no ensino superior. Ressalte-se que o Brasil dispõe de uma legislação avançada – respaldada pelos decretos nº 5.296, de 2004, e nº 5626, de 2005 –, que obrigam instituições privadas e órgãos públicos a realizar as adaptações necessárias para garantir às pessoas com deficiência acesso aos mesmos direitos e facilidades de que desfrutam os demais cidadãos.

Embora, no Brasil, a política de acessibilidade seja recente (o que contribui para que a inserção de pessoas com deficiência no sistema educacional ainda ocorra de forma lenta, hoje), as instituições de ensino superior estão mais sensíveis à necessidade de se implementar mudanças que permitam o acesso e a permanência de estudantes com deficiência. O resultado é que o número desses alunos em cursos de graduação no País mais que quintuplicou entre 2004 e 2005, passando de 5.392 para 27.001 universitários, segundo o Ministério da Educação (MEC). Quanto a ações práticas, é um começo. Resta, agora, enfrentar um outro tipo de barreira, talvez mais difícil de ser superada: a do preconceito.

Diante do desafio, torcemos para que a excepcional vitória dos nossos atletas no Parapan inspire outros brasileiros e pressione os setores público e privado a intensificar ações pela inclusão das pessoas com deficiência. Pelo exemplo de superação, uma homenagem aos que representaram Pernambuco nessa importante competição: no atletismo, Jenifer Martins dos Santos, Leonardo Amâncio e Suely Rodrigues Guimarães, no halterofilismo, Esnande Quirino da Silva, na natação, Alex Vieira de Lima, Claudia Celina da Silva, Ivanildo Alves de Vasconcelos, Joelson Dionizio de Barros, Luis Antônio Correa da Silva, Rosival Marques Fernandes e Tássia Fernandes Alves, no basquete, Irio Francisco Nunes, José Soares da Silva, Natanael Alexandre da Silva e Sergio Estevão de Barros Alexandre.

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