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Nasceu em 21 de março de 1964, em uma pequena cidade do sertão da Paraíba. Aos cinco anos, seus pais se mudam para Mato Grosso e, depois, para Rondônia.(...)
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Histórico

O valor dos estádios brasileiros

Seis estádios do Brasil serão utilizados para a realização da Copa das Confederações, em julho deste ano. Já para a Copa do Mundo, em 2014, serão 12 cidades-sede. Em outubro de 2007, quando começaram as disputas das 12 cidades-sede, cada uma delas apresentou um orçamento, que juntos totalizou o valor de R$ 3,25 bilhões para construção dos estádios – vale ressaltar que tal conta não incluía o estádio do Mineirão, que, na época, não tinha estimativa de preço.

Em 2011 as surpresas começaram a aparecer. O custo das arenas foi divulgado e atingiu R$ 6,419 bilhões. Praticamente o dobro do previsto inicialmente. Segundo informações disponíveis no Portal da Transparência da Controladoria-Geral da União (CGU), as maiores variações ocorreram nas arenas da Fonte Nova, em Salvador, do Mineirão, em Belo Horizonte, do Maracanã, no Rio de Janeiro e o Estádio Nacional, em Brasília.

Analisando a arena Fonte Nova, por exemplo, a construção custou R$ 591,7 milhões. Contudo, soma-se a isso o valor de contrapartida exigida pelo consórcio que administrará o local – são R$ 103,7 milhões, por 15 anos – fazendo com que o custo final chegue a R$ 2,2 bilhões. Um incremento de 272% em relação ao previsto na matriz de responsabilidade assinada em 2010. E, além de custos tão altos, todos foram entregues com falhas e precisarão de adequações que vão desde instalações de placas de si­­na­­­­lização até a troca do gramado do bilionário estádio Mané Garrincha, inaugurado em maio.

Depois de tantos investimentos para receber tais eventos, cabe questionar o que ficará de legado à população brasileira, que convive com saúde pública deficiente, com a falta de vagas nos hospitais públicos, má qualidade nas escolas e inexistência de saneamento básico em quase todas as cidades do país. Isso sem citarmos a situação da seca no Nordeste ou das enchentes no Norte do país, por exemplo. Não queremos e não podemos deixar de valorizar a a importância de sediar eventos de grande porte como estes, contudo, faz-se necessário e é preciso olhar as reais necessidades da população e elencar prioridades.

As construções de estádios grandiosos, com alta tecnologia e projetados para atender aos padrões da FIFA, acabarão por afetar economicamente a população brasileira, que se faz presente nos estádios e tem no futebol uma forma de lazer pessoal e familiar. A explicação se deve ao fato que, após a Copa do Mundo e Copa das Confederações, os mesmos passarão a receber jogos locais e o custo de manutenção e funcionamento será repassado ao torcedor através do valor do ingresso. Isso significa dizer que, ingressos que antes custavam R$ 20,00 passarão a custar R$ 90,00, por exemplo.

As vésperas da realização da Copa das Confederações as discussões nas Câmaras Federais e Municipais sobre os custos dos estádios brasileiros tem sido uma constante, incluindo indicações de elefantes brancos e pedidos de auditorias nas contas. Receber eventos como esses proporciona muitos investimentos ao país sede, contudo, para que eles sejam realmente benéficos para a população local, é preciso avaliar e gerenciar os custos e os investimentos. Apenas dessa forma poderemos “entrar na rota” dos eventos mundiais, sendo capazes de sediar e receber os turistas, com grandeza e sem imprevistos, proporcionando, também e da mesma forma, que a população seja beneficiada.

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