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Nasceu em 21 de março de 1964, em uma pequena cidade do sertão da Paraíba. Aos cinco anos, seus pais se mudam para Mato Grosso e, depois, para Rondônia.(...)
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O silêncio dos batuques

Os percussionistas, a cultura e os admiradores dos batuques conduzidos por Naná Vasconcelos amanheceram em silêncio nesta quarta-feira. Após uma longa batalha contra o câncer e uma vida marcada pelo sucesso e contribuições culturais imensuráveis, o músico silencia o Brasil com a sua morte.

Para os pernambucanos, o carnaval não será mais o mesmo. Não teremos mais o grande percussionista comandando centenas de batuqueiros de maracatus na tradicional abertura da festa mais popular do estado. Para os brasileiros, fica a memória e a história daquele que foi eleito oito vezes o melhor percussionista do mundo pela revista americana Down Beat e ganhador de oito prêmios Grammy, era considerado uma autoridade mundial em percussão.

De uma simplicidade singular e inteligência incomparável, Juvenal de Holanda Vasconcelos foi autodidata, nunca frequentou escola de música, nem se graduou. Mas, através de seu talento, se firmou como um dos mais respeitados instrumentistas do Brasil, tendo colaborado com grandes nomes como Egberto Gismonti e compondo a trilha sonora da animação de o Menino e o Mundo, que disputou o Oscar de melhor filme de animação em 2016.

O guitarrista Pat Metheny o chamava de Doctor. Já o cineasta Bernardo Bertolucci não admite que o chamem de músico, mas sim de “A Música”. Foram mais de 30 discos, além de inúmeras trilhas sonoras para o cinema, teatro e balé. O percussionista é admirado por artistas nacionais como Maria Bethânia que, em entrevista, o usou para exemplificar o mais completo significado de cultura popular brasileira: “aquele que não é estático, que renova a tradição”.

Esse era Naná Vasconcelos. Um gênio da música, com centenas e talvez milhares de faces. Que inventava e se reinventava. Um mestre na percussão. Com seu talento único, defendeu a música como incentivo à inclusão, à educação e à cultura. Além disso, o seu orgulho de ser brasileiro ajudou a difundir as tradições da nossa cultura pelo mundo.

O músico sabia que não lutava uma batalha fácil, mas não perdeu o ritmo. Em 2016, mesmo debilitado, fez questão de comandar a abertura da folia de momo em Pernambuco com mais de 500 batuqueiros das nações de maracatu e foi aplaudido por milhares de fãs. O encerramento perfeito após 15 anos à frente da cerimônia.

Sábias as palavras do músico Gabriel, o Pensador, que escreveu em seu Facebook: “Não vou estranhar se os trovões, os ventos e as chuvas passarem a soar bem melhor, em combinações inusitadas de ritmos, depois da chegada do mestre Naná Vasconcelos ao céu”.

Humilde, generoso e responsável por mudar a vida de muitos jovens pobres que viram nele e em seus ensinamentos a oportunidade de crescer, mudar de vida e desenvolver seus talentos. Sentimos muito a sua partida, mas ficamos tranquilos por saber que Naná Vasconcelos foi e será um exemplo para todos.

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