O prazer de viver com liberdade
Em seu primeiro pronunciamento logo após os resultados das urnas, Dilma Rousseff destacou preferir o barulho da imprensa livre ao silêncio das ditaduras, desmentindo os rumores de controle dos veículos de comunicação. A declaração deverá ser lembrada pelos próximos quatro anos como um compromisso a ser fiscalizado atentamente por todos os eleitores.
Nesta Era da Informação, em que somos vorazes consumidores e produtores de notícias, recebidas e transmitidas por diversas plataformas, talvez para a chamada Geração Y, formada por nossos jovens nascidos a partir da década de 80, seja difícil imaginar uma sociedade com controle da imprensa. Mas nossa história política nos fornece precedentes para o temor.
Nasci em 1964, ano do Golpe Militar, marco do desmonte da nossa democracia. Por quase duas décadas, principalmente com a decretação do Ato Institucional nº 5, em 1968, tivemos nossas liberdades individuais e coletivas cerceadas e só viríamos a resgatá-las na década de 80, durante a abertura política. Fico assustado em imaginar um retrocesso, mas a história de vida de nossa presidente eleita me dá esperanças de que a opressão constitui um passado que não deveremos reviver. Hoje vivemos num país onde vige o regime democrático de direito e todas as liberdades individuais e coletivas estão constitucionalmente protegidas.
Também esperamos ter deixado para trás o histórico de instabilidade econômica, obstáculo para o crescimento individual de muitos jovens da minha geração, por isso costumo me definir como um “obstinado superador de adversidades”. O esforço contínuo me ajudou a superá-las.
Hoje, apesar dos entraves burocráticos e da alta carga tributária existente no Brasil, somos um dos países que mais cresce no mundo. Novas oportunidades de negócios surgem para todos os brasileiros. Novas empresas surgem diariamente. O empresariado continua a investir aqui, pois acredita no crescimento da nossa economia. Mais e mais famílias mudam de classe e seus filhos ingressam no ensino técnico e superior, antes, sonho de poucos.
Apesar da liberdade econômica e mobilidade social ainda temos nichos hierárquicos na sociedade que discriminam ou desconfiam dos “que vem de baixo” ou dos que conquistam o sucesso a partir do mérito pessoal.
Eu acredito no esforço individual. Acredito, também, numa sociedade onde os direitos fundamentais, como a liberdade constitui-se em um bem maior. Jamais conseguiria refletir diariamente sobre as questões do Brasil sem que vivêssemos em uma sociedade livre. Não ocuparia este espaço. Não teria sonhos.
Por isso observo com preocupação a criação de Conselhos para controlar a imprensa no Brasil. Sem liberdade, a imprensa não existirá. Será um mero veículo de notícias direcionadas. É salutar a apreensão de muitos quanto à responsabilidade da mídia para com os cidadãos de nossa sociedade. Mas será que a mídia brasileira é irresponsável a tal ponto de ser necessária a sua regulação?
O controle da imprensa sufoca a opinião pública. Controlar a mídia é desejar a volta de uma sociedade sem voz, hierárquica, sem liberdade e sem mobilidade social. O Brasil avança e continua a avançar em razão da consolidação das liberdades individuais.