Perfil

Nasceu em 21 de março de 1964, em uma pequena cidade do sertão da Paraíba. Aos cinco anos, seus pais se mudam para Mato Grosso e, depois, para Rondônia.(...)
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Histórico

Meritocracia educacional

Comparar a escola pública com uma empresa privada, no Brasil, é o mesmo que cometer um pecado capital. Aqui, persiste a velha cultura que abomina a introdução de elementos ligados ao mundo dos negócios nas esferas públicas – sobretudo, quando se trata de educação. Nossos diretores de escola, em regra, estão longe de exercer a função de gestores, e nossos professores, de serem tratados como profissionais do conhecimento. CEO na Secretaria de Educação da cidade de Nova Iorque, o americano Eric Nadelstern, em entrevista à revista Veja, faz comentário, bastante aplicável à realidade brasileira, que sintetiza os impactos dessa mentalidade: “Temos uma escola de século 21 com a cara do século 19. Precisamos de coisa melhor”.
Não requer muito esforço verificar, na prática, como se manifesta esse cenário de atraso nas nossas escolas. Salas de aula vazias, grande número de alunos em idade avançada para a classe, instalações precárias e falta de materiais didáticos são indícios de uma realidade na qual os diretores parecem mais preocupados em atender às burocracias do sistema educacional que em otimizar recursos para obter melhores resultados. Os professores terminam por reproduzir essa lógica e, freqüentemente, concentram-se apenas em transferir informações para seus alunos, em vez de se fixarem na obtenção de melhores níveis de aprendizagem. Os prejuízos traduzem-se em elevados índices de evasão e repetência, e em péssimos desempenhos escolares.
Evidentemente, o problema não é exclusividade do Brasil. As escolas americanas também sofrem com o apego aos antigos modelos educacionais. Em Nova Iorque, entretanto, o governo tem combatido essa tendência com ousadia. Lá, Eric Nadelstern – autor da frase citada no início deste artigo – comanda uma das reformas mais radicais já feitas visando às escolas públicas. Desde que o empresário Michael Bloomberg assumiu a prefeitura daquela cidade, em 2002, coube ao CEO – cargo mais usual entre os executivos de empresas multinacionais que entre representantes do poder público – a missão de implantar nas escolas um modelo assentado na competição e na recompensa com base no mérito: a meritocracia.
O modelo não é tão complicado quanto parece. Fundamenta-se, essencialmente, na implantação de um sistema de gestão voltado para resultados, como ocorre no ambiente empresarial. Diretores de escolas que conseguem atingir as metas estipuladas – redução dos índices de evasão e repetência, desempenho favorável dos alunos nas avaliações – recebem incentivos como forma de reconhecimento. Também lhes é conferida autonomia para repartir o bônus, conforme os critérios que julgarem convenientes, permitindo que os professores com desempenhos satisfatórios também sejam premiados. É, portanto, uma alternativa para mobilizar, concretamente, todos os níveis que compõem a escola para o alcance da excelência na educação.
Longe de ser uma solução mágica, a implantação da meritocracia no ambiente escolar brasileiro demonstra ser apenas uma opção viável à superação de velhos problemas educacionais. Embora o governo federal já tenha começado a esboçar reações – por meio do PAC (Plano de Aceleração do Crescimento) da Educação -, estabelecer metas aos municípios e atribuir recompensas aos que as atingirem é apenas o começo. Será preciso mais: conduzir essa nova dinâmica, efetivamente, para dentro das salas de aula. A mudança exige instrumentos eficazes de mensuração da qualidade de alunos, professores e diretores para, por meio da concessão de incentivos baseados no mérito, pôr as escolas brasileiras no rumo da modernidade. Como nas melhores empresas do mundo.

Uma Resposta para “Meritocracia educacional”

  • João Leopoldo Balensiefer:

    Enquanto nós tivermos um presidente que para cada dez palavras que pronúncia nove estão erradas “petrobas” não tem geito.

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