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Nasceu em 21 de março de 1964, em uma pequena cidade do sertão da Paraíba. Aos cinco anos, seus pais se mudam para Mato Grosso e, depois, para Rondônia.(...)
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Meirelles sai e os riscos aparecem

A presidente eleita, Dilma Rousseff, fez sua escolha: o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, se afasta, assumindo o cargo Alexandre Tombini. Há quem defenda a decisão da presidente, alegando que Meirelles não foi enérgico o suficiente com a redução da taxa Selic. O Brasil tem uma das mais altas taxas básicas de juros do mundo. É fato. Mas, é preciso enxergar o outro lado: o País tomou as decisões que lhe eram pertinentes e uma possível perda da autonomia do BC pode colocar o Brasil no risco da volta da inflação.

O presidente da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), Luiz Aubert Neto, disse que “finalmente, tiraram a raposa do galinheiro”, criticando as medidas tomadas por Meirelles para a elevação da Selic. A atual taxa de juros brasileira obriga o País a pagar R$ 180 bilhões por ano somente em juros da dívida. Segundo Luiz Aubert Neto, uma redução de, por exemplo, 30% nos juros, nos últimos 16 anos, significaria uma economia de quase R$ 1 trilhão. Henrique Meirelles veio do mercado financeiro para o Governo Lula e, agora, quem assume o posto é um funcionário de carreira do BC.

Está certo que a escolha de Tomnibi não pode ser de todo criticada. Segue seu currículo: elogiado por ex-dirigentes do Banco Central e por seus colegas, Alexandre Tomnibi teve uma carreira considerada brilhante e diversificada, com a fiscalização ao departamento de pesquisas, e ao de normas. Sob o comando de Murilo Portugal, um dos melhores quadros da burocracia brasileira, passou três anos no FMI.

No entanto, o que mais preocupa os brasileiros, ou ao menos deveria preocupar, é que Tombini não estaria sendo escolhido por suas inúmeras qualidades, mas porque certamente será dócil ao comando da Fazenda. É isso que pretende o Governo Lula – ou melhor, o já Governo Dilma – com a escolha. O PT (Partido dos Trabalhadores) se fortalece com Miriam Belchior no Planejamento e Guido Mantega na Fazenda. E tudo o que precisa é que um Banco Central que ande de mãos dadas, em todos os sentidos e com toda a obediência possível. Mas, neste contexto, temos uma inflação que dispara para cima.

O Governo Dilma ainda não começou, mas a principal decisão na área econômica – a escolha da equipe – já está sendo providenciada. Guido Mantega fica, mas Henrique Meirelles sai. No lugar deste, assume Alexandre Tombini, que tem tudo, ou seja, todas as técnicas para bem comandar o Banco Central. Mas ele não pode afrouxar. A instituição não pode ficar nas mãos do Governo. A escolha foi feita, mas é preciso avaliar o que há por trás desta escolha: uma tentativa de tirar a autonomia do BC. E, nas mãos do Governo, o Brasil pode pagar uma conta cara: o retorno da inflação. Sim, o risco é grande.

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