Perfil

Nasceu em 21 de março de 1964, em uma pequena cidade do sertão da Paraíba. Aos cinco anos, seus pais se mudam para Mato Grosso e, depois, para Rondônia.(...)
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Histórico

Diploma Universitário para a profissão de Jornalista

Com uma vitória de 65 votos favoráveis e 7 contrários, recentemente, o senado federal aprovou a Proposta de emenda Constitucional (PEC) que torna obrigatório o diploma em nível superior para o exercício da profissão de jornalista. A exigência do certificado para o exercício da profissão havia sido desobrigada por decisão do Supremo Tribunal Federal em Junho de 2009. Registre-se que a PEC de nº 33/2009 ainda seguirá para análise na câmara dos deputados. Entrementes, a aprovação no senado já anima toda a categoria que defende a formação em ensino superior como requisito básica para o exercício profissional.

Nessa perspectiva, os que defendem a extinção do diploma de jornalismo o fazem com argumentos que definem a profissão apenas como um ato intelectual. Uma vez que existem profissionais especialistas em outras áreas que se aventuram no mundo das letras e enveredam no caminho dos artigos opinativos. Mas ser um grande conhecedor de determinada área do conhecimento humano, por si só não oferece o arcabouço cultural necessário para desenvolver as atividades de um comunicólogo, as quais vão muito além das colunas e dissertações de opinião. Com efeito, o cenário atual é propício para esta discussão, uma vez que com tantos aplicativos e tecnologias, qualquer um pode sair por aí difundindo notícias, vídeos e fotos ao argumento de que é jornalista. O problema é que isso é feito sem a menor responsabilidade nas redes sociais e blogs. Essa democratização da informação, acabou se dando de forma desordenada o que confunde a todos o que é realmente ser um formador de opinião, produtor de notícias e um simples conhecedor do fato.

Ampliando o quadro de análise, frise-se que além de uma função intelectual o jornalista “traduz” os fatos e notícias para que a informação seja transmitida de maneira eficaz para a população. Ele é um interlocutor que apura as versões sobre um determinado fato e transmite para que o leitor ou audiência faça seu juízo de valor. Assim como um professor, o jornalista é detentor de conhecimento e forma opiniões. É crucial termos profissionais bem preparados nesta área embasados corretamente nas questões técnicas da profissão alicerçadas pela academia. Vale ressaltar que não existem apenas articulistas e editores os quais expressam suas opiniões sobre temas específicos, e são facilmente confundidos com Administradores, advogados, educadores e outra gama de profissionais que escrevem para jornais e blogs em texto opinativos. O jornalista também está responsável pelo factual, pelo hard news, as notícias diárias sem as quais não se obtém a informação massificada, acerca dos temas corriqueiros.

Auspicioso focar, ademais, em outro relevante tema, qual seja: a questão da ética profissional, elemento que deve nortear toda e qualquer profissão, principalmente, a de jornalista, embora não observada por inúmeros profissionais da área. As Instituições de Ensino Superior, além de transmitir informações e conhecimentos imprescindíveis para o exercício da profissão, transmite também os direitos e deveres bem como os conteúdos éticos que devem ser sempre condutores dos profissionais da comunicação. Nesse sentido, se com a base técnica e de conteúdo ético transmitida pelas IES certos profissionais não observam, imagine o que seria destes “profissionais” sem uma estrutura norteadora que complementasse os saberes práticos. Uma solução, seria a realização de uma avaliação rigorosa ao termino do curso, tipo a realizada pela OAB, para definir um novo modelo de comunicação, que também considerasse as inovações midiáticas que acabam sendo utilizadas por toda a população sem a mínima ética tão exigida pela sociedade.

Um profissional do jornalismo sem a devida formação acadêmica muitas vezes acaba se dedicando à amenidades as quais acabam em rumores sensacionalistas ou em matéria sem fundo crítico que resultam na desinformação da população. O papel de formador de opinião merece mais atenção principalmente no que diz respeito aos saberes técnicos da profissão e não apenas aos macetes repassados nas redações, por profissionais antigos e cheios de vícios adquiridos ao longo da carreira. Acredito que somente a academia é capaz de prover as qualificações teóricas necessárias para um profissional exemplar.

Uma Resposta para “Diploma Universitário para a profissão de Jornalista”

  • Tatiane Souza:

    Prof. Janguiê, como jornalista e educomunicadora, compartilho da mesma preocupação. Os sistemas comunicacionais no Brasil são historicamente comprometidos com interesses partidários, mercadológicos, particulares, descumprindo, assim, seu principal objetivo: oferecer informações qualificadas para a formação da opinião pública e de cidadãos capazes de contribuir para o desenvolvimento do país. O jornalista, devidamente formado por instituições comprometidas com a educação e a sociedade, certamente poderá favorecer a construção de um contexto mais favorável à democratização dos meios, sendo um mediador/facilitador dos processos comunicativos entre Estado, Organizações Sociais, Empresas e Cidadãos. Desta forma, seu artigo contribui para uma reflexão mais ampla sobre o direito à Comunicação no Brasil.
    Saudações acadêmicas,
    Tatiane Souza.

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