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Nasceu em 21 de março de 1964, em uma pequena cidade do sertão da Paraíba. Aos cinco anos, seus pais se mudam para Mato Grosso e, depois, para Rondônia.(...)
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Cortando onde não podia

O Governo federal irá cortar R$ 50 bilhões no Orçamento da União. A notícia já não é novidade, mas é preciso avaliar o que está nas entrelinhas desta decisão. O Brasil precisa mesmo fazer os cortes, é notório, mas é imprescindível também destacar que a “tesourada” incide em investimentos e programas sociais. Ou seja, o Brasil tomará uma medida que prejudicará os próprios brasileiros. O Governo garante que não tirará um centavo do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), mas isso não basta.

A redução nos gastos é bem vinda. Aliás, em campanha presidencial, no ano passado, o Brasil gastou, e gastou muito. As campanhas eleitorais para a Presidência da República e governos estaduais somaram nada menos que R$ 3,23 bilhões, incluindo as despesas que se referem ao segundo turno para presidente e também para governador de oito estados e do Distrito Federal, segundo informações do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Somente os dois principais candidatos à Presidência da República – Dilma Rousseff e José Serra – gastaram cerca de R$ 264 milhões.

Passada a campanha, o País virou o ano sabendo que os cortes eram ululantes, e – mais que isso – urgentes. Era a primeira lição de casa do Brasil, até mesmo para melhorar a transparência fiscal e para que pudesse subir alguns degraus na classificação de risco para investidores internacionais. Isso porque, segundo a Standard & Poors, primeira agência de classificação de risco a conceder o grau de investimento ao Brasil, em 2008, todas as atenções do mundo estarão voltadas para as decisões econômicas da equipe da presidente eleita, Dilma Rousseff. Ou seja, a nota para o Brasil é importante e isso dependerá das decisões que serão tomadas no novo Governo e, não menos evidente, dos cortes que serão feitos.

Desta maneira, o anúncio de redução nos gastos era esperado. A questão, no entanto, é de onde será tirada a verba. E, para quem não sabe, boa parte dos investimentos em programa sociais irão para o espaço. O Planalto deixou claro que cortará R$ 18 bilhões em investimentos e, desse total, o programa “Minha Casa, Minha Vida”, por exemplo, sofrerá redução de mais de R$ 5 bilhões, o que prejudicará milhões de brasileiros. Por sinal, trata-se de um corte um tanto significativo. O programa “Minha Casa, Minha Vida” passará de R$ 12,7 bilhões para R$ 7,6 bilhões. A diminuição de R$ 18 bilhões nas emendas parlamentares preocupa. O valor equivale a 72% do total apresentado pelos congressistas e muito desses cortes estão sendo feitos em áreas sociais, construções de creches e unidades de saúde, além de associações de pais e amigos dos excepcionais.

Cortes no custeio da máquina, isso sim seria uma medida astuta. A presidente Dilma Rousseff pegou o bonde andando, e sabe que o Governo Lula foi o que mais gastou com criações de ministérios, por exemplo. O maior gasto do Governo, diga-se de passagem, é com pessoal. São R$ 180 bilhões, e o próprio ministro da Fazenda admitiu isso. A dica de onde cortar estava clara. Era preciso ser mais severo com as despesas do custeio, para que se pudesse obter um maior controle da inflação, sem que houvesse fortes comprometimentos nos investimentos do País. Resta-nos questionar se o governo reconhece não ser capaz de realizar os investimentos.

Mas o ministro Guido Mantega (Fazenda) já anunciou: o Brasil vai cortar R$ 50 bilhões em seu orçamento. Corte necessário, sim. Mas, é preciso ordenar essas reduções em investimentos. O Governo carece de planejamento e de saber onde está passando a tesoura, para ser claro. Os cortes são mais que importantes, são imprescindíveis. Mas, apesar disso, e ainda assim, é o Brasil que precisa ser beneficiado com isso, e não deixar os brasileiros saírem perdendo.

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