As amizades comerciais
O Brasil recebeu esta semana, com toda pompa, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama. Os investimentos feitos aqui para a recepção do homem considerado mais poderoso do mundo, no entanto, não são à toa. Com a crise econômica de 2009, as exportações e importações brasileiras foram prejudicadas, e agora precisamos fazer boas amizades, ou estreitar os laços com antigos amigos. E essa amizade tem nome: relação comercial.
Esta semana, o Brasil teve a notícia de um déficit de US$ 100 milhões na balança comercial da terceira semana de março. O culpado deste episódio é a queda de 4,2% na média diária de exportações no período, na comparação com a média das duas semanas anteriores. As exportações de manufaturados chegaram a cair 8,1%, principalmente nos setores de autopeças, óleos combustíveis, automóveis, partes de motores e veículos de carga. Ou seja, a situação não é das melhores em nossa balança comercial. E é por isso que a aproximação com os países com os quais temos essa relação precisa acontecer.
As indústrias já começam a sentir esta necessidade, aliás. O presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, pediu mais equilíbrio nas relações comerciais entre o Brasil e os Estados Unidos. Vale salientar que o Brasil registrou um déficit comercial com o país do Tio Sam, no ano passado, de US$ 8 bilhões, e a projeção para este ano é de um novo déficit, desta vez na ordem de US$ 10 bilhões. E isso não é tudo. A participação dos produtos manufaturados nas exportações brasileiras para os EUA, de acordo com a Fiesp, também foi reduzida. Esses produtos, que em 2004 representaram 74% das vendas externas do Brasil ao país norte-americano, chegaram a representar 51% no ano passado.
Mais que isso, a relação comercial entre o Brasil e os EUA representa mais empregos aqui. Ainda segundo dados da Fiesp, para cada US$ 1 bilhão que os americanos exportam para o Brasil, são criados ou mantidos ao menos 5 mil empregos. O assunto é tão relevante para nós que foi motivo de discussão na Rodada Doha. A renovação da inclusão do Brasil no Sistema Geral de Preferências (SGP), as barreiras norte-americanas ao açúcar e ao etanol brasileiro e a possibilidade de um acordo para acabar com a bitributação foram alguns dos assuntos.
Daí o motivo de o Brasil receber o presidente Barack Obama com toda grandeza, toda pompa. Daí a importância de tratarmos bem os americanos. A crise financeira que atingiu o mundo em 2009 deixou consequências também em solo brasileiro e, ainda que novos mercados se abram para nós, a exemplo da China – que aparece hoje como grande potência econômica – a relação comercial mundo afora não pode ser descartada. Ou seja, as amizades são imprescindíveis.