Perfil

Nasceu em 21 de março de 1964, em uma pequena cidade do sertão da Paraíba. Aos cinco anos, seus pais se mudam para Mato Grosso e, depois, para Rondônia.(...)
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Histórico

A modernização brasileira

O que caracteriza nosso povo? A questão da identidade brasileira já motivou estudos de intelectuais como Gilberto Freyre, Florestan Fernandes, Caio Prado Júnior, Sérgio Buarque de Holanda, Celso Furtado. No entanto, a vasta bibliografia sobre o tema não esgota o assunto, que ainda desafia teóricos contemporâneos das ciências sociais no País. Roberto Da Matta, Jessé Souza e Lívia Barbosa são exemplos de autores que continuam a desvendar a brasilidade.

Roberto Da Matta sugere que “O sabe com quem está falando?” é uma prática social presente em nosso cotidiano. De acordo com o autor, em situações de conflitos, os indivíduos clamam por uma sociedade hierárquica com o objetivo de burlar a lei ou aplicá-la a outrem. Da Matta defende que no Brasil os indivíduos buscam se relacionar de modo hierárquico.

Em suas variadas obras, Jessé Souza mostra que a modernização no Brasil ocorreu de modo seletivo. Em alguns estratos, observamos a modernização, com a ausência de hierarquia social nas relações sociais, a méritocracia e a igualdade de direitos. Em outros ambientes, o Brasil pré-moderno está presente, com traços da Casa Grande. Recentemente, Jessé Souza publicou o livro “A ralé brasileira”. Nesta obra, o autor mostrou que apesar do crescimento econômico, os excluídos ainda são ignorados pelo estado e por parte da sociedade.

Já Lívia Barbosa desenvolveu primoroso estudo sobre o “Jeitinho brasileiro”. Para a autora, o jeitinho é uma prática social que quando realizada possibilita que alguém leve vantagem sobre outro. Sua obra revela também que o jeitinho é um instrumento social utilizado pelos atores com o objetivo de driblar o excesso de burocracia do estado brasileiro.

Ao olhar para o Brasil de hoje observamos que nossa sociedade ainda carrega traços pré-modernos, práticas sociais não adequadas com o estado de direito. A estabilidade monetária, a elevação do nível educacional, a amenização da desigualdade social e o aumento do consumo não foram suficientes para findar com práticas sociais arcaicas. Infelizmente, ainda existem atores que optam por perenizar a desigualdade dos direitos, a buscar artifícios para burlar as regras e a não reconhecerem os excluídos (“A ralé”), os quais devem ser prioridade do estado.

Avanços econômicos não significam modernização acelerada da sociedade. Mas é a modernização econômica que possibilita a mudança cultural. É necessário pujante e constante crescimento econômico, o qual permitirá mobilidade social e novas práticas sociais.

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