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Nasceu em 21 de março de 1964, em uma pequena cidade do sertão da Paraíba. Aos cinco anos, seus pais se mudam para Mato Grosso e, depois, para Rondônia.(...)
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Histórico

A inflação existe

O Brasil não contava com o retorno da inflação, mas ele é certo. O Governo federal tenta “maquiar” o problema, minimizando a situação, embora os números comprovem o aumento no Índice de Preço ao Consumidor Amplo (IPCA). O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse que o aumento está dentro do previsto, mas a tendência de alta na taxa básica de juros, a Selic, mostra que o incremento nos preços está apenas começando.

O IPCA divulgado esta semana mostrou uma variação de 0,83% em janeiro. Foi o maior resultado desde abril de 2005, quando o índice havia chegado a 0,87%. Para o ministro Guido Mantega, tudo dentro do esperado. Mantega justifica o incremento pela inflação de commodities, que está alta, inclusive, em todo o mundo, além de atribuir o aumento também à pressão do mês de janeiro, quando se costuma ter uma elevação nos preços de transportes e no setor de educação, pela compra de material escolar e matrículas.

Entretanto, diferente do que afirma o Governo federal, através do Ministério da Fazenda, a inflação deve continuar subindo. É uma tendência, segundo pesquisa da Fundação Getúlio Vargas (FGV). O estudo aponta que os preços devem continuar em alta por fatores específicos, mas a previsão é para continuação de alta nos próximos meses, apesar de se esperar uma alta de menor intensidade. E o resultado disso será o aumento na taxa Selic, a taxa básica de juros.

O Brasil tem os juros reais mais altos do mundo, além de uma moeda valorizada em relação ao dólar. Isso poderia, aos olhos de qualquer economista, parecer o suficiente para garantir uma boa concorrência no mercado internacional, afastando a inflação. As negociações que resultaram em ganhos salariais reais, quando se é descontada a inflação, mostram que o resultado atingido no primeiro semestre do ano passado foi mais positivo dos últimos dois anos. Em 2010, 87,9% (ou 255 negociações) das campanhas levaram a aumentos acima do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), medido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

No entanto, o bolso do brasileiro deixa claro que não é este o caminho que a economia brasileira está tomando. O mercado continua elevando a previsão de aumento nos preços a cada mês. E o maior vilão são os alimentos, que subiram muito nos últimos tempos por causa da alta internacional dos preços agrícolas. E aí, destacam-se as carnes, cereais, grãos e açúcar. Irônico é saber que são esses produtos que fazem com que o Brasil ganhe destaque no ranking do comércio internacional.

Mas, apesar de estarmos entre os maiores exportadores desses produtos, os preços nos supermercado, ou seja, para o consumidor final, são puxados para cima pelos importadores destes produtos agrícolas. Não existe uma política séria e consistente do Governo, e, por isso, os grandes empresários do setor agrícola mantêm no mercado interno o mesmo preço que pratica nas exportações. O brasileiro acaba pagando duas vezes e o Governo não intervém nos preços de mercado interno.

Como disse anteriormente, o Brasil tem os juros reais mais altos do mundo. Tem uma moeda valorizada, mas o Governo não contava com a volta da inflação. E não adianta usar maquiagem na economia. Não adianta dizer que o aumento de janeiro era esperado. O ministro Guido Mantega quer evitar um pessimismo generalizado na economia, mas a inflação existe. E é preciso saber lidar com ela.

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