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Nasceu em 21 de março de 1964, em uma pequena cidade do sertão da Paraíba. Aos cinco anos, seus pais se mudam para Mato Grosso e, depois, para Rondônia.(...)
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Histórico

A eleição da França e a retórica ideológica

A recente eleição francesa reacendeu o debate sobre as ideologias. Marine Le Pen, candidata considerada de extrema direita, conquistou cerca de 20% de intenções de voto. Nessa perspectiva, o eleitorado de Le Pen decidirá quem será o próximo presidente francês no segundo turno. Com efeito, uma possível vitória eleitoral de Sarkozy depende, e muito, dos eleitores de Marine Le Pen.

Registre-se que Marine Le Pen e Nicolas Sarkozy são rotulados de candidatos da direita em virtude de defenderem um maior controle nas fronteiras da França e uma rígida fiscalização de imigrantes. Ademais, Sarkozy, em particular, defende a diminuição do papel do estado na economia, sendo, inclusive, denominado o “presidente dos ricos” já que, nos últimos cinco anos, ele teve 84 bilhões de euros distribuídos, principalmente, para as famílias mais ricas e empresas.

Em face ao debate da eleição francesa, os candidatos de direita passaram a ser qualificados como xenófobos. De fato, eles tem se mostrado extremamente intolerantes para com os estrangeiros, ao argumento de que esses contribuem imensamente para o enfraquecimento da economia francesa. Outrossim, aqueles candidatos de direita também são considerados defensores dos ricos e não lutam contra a desigualdade econômica, ignorando os mais pobres.

Nesse contexto, diante das rotulações apressadas, indagamos: será que apenas os candidatos da direita ignoram a população mais pobre? Será que apenas os candidatos de direita são xenófobos? Se as respostas forem positivas, é importante perquirir: para onde irão caminhar os franceses, caso Sarkozy seja reeleito presidente da França? Em conclusão apressada afirmamos que a França caminhará para ser um estado absolutista, intolerante com o próximo e defensor dos interesses dos mais ricos.

Em face à conclusão exposta acima, embora seja ela apressada e carente de fundamentos mais concretos, será importante verberar que o mundo deve temer a vitória de Sarkozy. É que o estado francês, sob a presidência de Sarkozy, não contribuirá para a inclusão social e para o convívio harmonioso entre as nações e os indivíduos.

Por outro lado, importa registrar que este problema não afeta apenas a França. Os países da Comunidade Europeia também sofrem de males semelhantes que precisam ser enfrentados, pois, o estado de bem-estar social está sofrendo forte deterioração. Como consequência disto, os povos daquelas nações reclamam por soluções e buscam culpados. Estão com ideia fixa de que os verdadeiros responsáveis pela crise econômica e pelo mal-estar social são os imigrantes. Embora nós saibamos que elementos como o envelhecimento da população e a incapacidade fiscal do estado de garantir o bem-estar social à população são, na nossa ótica, grandes responsáveis pela crise.

Diante de tais problemas, debates ideológicos, os quais carecem de argumentos sofisticados, surgem. E a discussão entre candidatos de esquerda e direita concentra-se nas seguintes premissas: 1) candidatos da esquerda salvarão a Comunidade Europeia; 2) candidatos de direita salvarão a Comunidade Europeia.
Ora, diante das multicausalidades que proporcionam a crise do estado de bem-estar, não é recomendado que as soluções sejam originadas do debate meramente ideológico – embora ele seja, aparentemente, enriquecedor.

O debate entre esquerda e direita não apresenta soluções diferenciadas para os mesmos problemas. Apenas as retóricas dos candidatos são distintas nos momentos eleitorais. Independente de quem será o vencedor na eleição presidencial da França, os franceses continuarão a reclamar da economia, da imigração e da fragilidade do estado de bem-estar econômico. E as soluções, em razão do debate ideológico, não serão racionalmente debatidas. Por consequências, os problemas tendem a perdurar.

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