A crise nos planos de saúde
O Brasil tem, atualmente, mais de 1.016 operadoras e mais de 22 mil produtos diferentes de planos de saúde. Tais empresas atendem quase 50 milhões de usuários. A grande maioria desses beneficiários, cerca de 30 milhões, possuem convênios empresariais, oferecidos pelos empregadores.
O mercado dos planos de saúde segue, ou deveria seguir, uma rigorosa legislação, fiscalizada pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). Porém, o que se vê é um caos nos atendimentos médicos prestados aos usuários. São hospitais lotados, poucos médicos e, por vezes, atendimentos mal realizados e que colocam a vida dos pacientes em risco. A falta de qualidade no atendimento médico não se restringe apenas ao Sistema Único de Saúde (SUS).
Em 2011, a ANS avaliou os planos de saúde brasileiros e o resultado não foi satisfatório. Cerca de 20 milhões de brasileiros tiveram planos considerados ruins ou medianos quando avaliadas a qualidade da assistência prestada, estrutura de atendimento oferecida, situação econômico-financeira e o atendimento. Esse número representa cerca de 45% dos usuários no Brasil.
Para ilustrar esse quadro, basta saber que de janeiro a junho de 2012 foram registradas quase oito mil reclamações sobre descumprimento dos prazos máximos para atendimento para consultas, exames e cirurgias. Prazos estes registrados na resolução normativa número 259 da ANS e que está em vigor desde dezembro do ano passado.
Na tentativa de melhorar a qualidade de serviços prestados, a ANS suspendeu 268 planos de saúde, produtos de 37 operadoras, até readequação dos planos às exigências. Além disso, as operadoras que descumprirem a medida serão multadas. Uma atitude que demonstra respeito aos usuários e postura que, sem dúvidas, deve ser mantida em prol de um bem maior: a qualidade de atendimento.
Somos uma economia ascendente. E o aumento do poder aquisitivo leva os consumidores a buscarem produtos que visam melhorar a qualidade de vida. Sem dúvidas, o principal problema dos planos está na falta de leitos hospitalares. O número de consumidores e de prestadoras de serviço aumentou, porém, o número de hospitais para atendimento continuou o mesmo. A verdade é que os planos querem ganhar muito sem se preocupar com a qualidade do atendimento.
Cabe a nós, clientes, exigir um atendimento rápido e eficiente das operadoras de saúde, afinal, a opção pelo plano privado é, na maioria das vezes, em busca de qualidade melhor no atendimento e essa relação de troca fica clara através dos valores pagos às operadoras, muitas vezes abusivos. E quando essas mínimas condições não são atendidas, devemos, sim, continuar reportando a ANS para que a saúde não se torne apenas um mercado sem capacidade e qualidade de suprir os usuários.
Prezado Janguiê,
Muito lúcido o seu texto sobre a realidade da Saúde Suplementar brasileira, com o título “A crise nos planos de saúde”. É muito preocupante, de fato, saber que cerca de 40% dos usuários têm problemas sérios de atendimento, quando necessitam. Oxalá que a ANS continue regulando com vigor esse setor vital.