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Nasceu em 21 de março de 1964, em uma pequena cidade do sertão da Paraíba. Aos cinco anos, seus pais se mudam para Mato Grosso e, depois, para Rondônia.(...)
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A contradição no otimismo

Os brasileiros estão mais otimistas em relação à situação socioeconômica do País. A constatação é da pesquisa divulgada pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), que mostra uma expectativa de que a economia brasileira irá melhorar. No entanto, uma contradição: a mesma pesquisa mostra que a maioria das famílias brasileiras (54%) tem dívidas. E o valor médio é de R$ 5.427.

A contradição não está na pesquisa, mas na opinião dos brasileiros. Na verdade, o otimismo é motivado pelas promessas de Governo e pela garantia de que o Brasil cresce em ritmo nunca antes visto. No entanto, crescem também as oportunidades de financiamento. E isso tem seu lado positivo, mas também um lado negativo. Cada vez mais instituições ofertam crédito fácil aos brasileiros. Cada vez mais, as facilidades para a compra de bens de consumo duráveis, como veículos e imóveis, saltam aos olhos do consumidor. E cada vez mais os brasileiros se vêem endividados.

Pelo levantamento do Ipea, o Índice de Expectativas das Famílias (IEF) foi de 62,75 pontos no mês de agosto, numa escala de 0 a 100. Foram mais de 3,8 mil domicílios visitados em 214 municípios, em todas as unidades da federação. Pelo menos 58% das famílias dizem acreditar que o Brasil irá passar por melhores momentos nos próximos 12 meses e 55% dos entrevistados são ainda mais otimistas, julgando que o País irá permanecer próspero nos próximos cinco anos. Somente pouco mais de 19% das famílias acreditam que o Brasil terá momentos difíceis no curto prazo, e 16% pensam o mesmo para o médio prazo.

Apesar de tanto otimismo, é certo que 26% dos brasileiros revelam ter alguma dívida, ao passo que 11% garantem estar muito endividados. A pesquisa vai além: para cerca de 15% das pessoas endividadas, o débito equivale a cerca de metade do rendimento mensal. Já 23,5% têm dívidas entre uma e duas vezes o salário. Ainda 16% garantem que têm entre duas e cinco vezes a renda mensal comprometida. Mas há dados mais alarmantes: para 23%, o endividamento supera em cinco vezes a renda familiar mensal. E o problema maior não está na baixa renda, mas na classe média. A pesquisa apontou que o comprometimento da renda das famílias brasileiras com dívidas cresce de acordo com a elevação da faixa salarial.

Esta, sim, é a realidade do brasileiro. É a herança deixada pelo esplendoroso crescimento econômico o qual o Governo tanto se orgulha. O brasileiro está confiante, sim. Mas otimismo demais às vezes atrapalha. É esta confiança que leva o consumidor já endividado a tomar outros financiamentos, a adquirir bens e, ainda assim, confiar no Brasil. Confiar no Brasil. Um País que continua prometendo maiores índices de crescimento econômico. E continua mostrando aos brasileiros uma realidade que não lhes pertence. O País precisa crescer, sim, mas crescer com cautela. Não é preciso levar a prateleira de produtos à casa do consumidor, mas fazê-lo ter condições de, por conta própria, fazer suas compras. Sem endividamentos.

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