Perfil

Nasceu em 21 de março de 1964, em uma pequena cidade do sertão da Paraíba. Aos cinco anos, seus pais se mudam para Mato Grosso e, depois, para Rondônia.(...)
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Histórico

A arte de empreender

No mês de novembro passado, o coordenador do curso de administração da Faculdade Maurício de Nassau, da qual sou fundador e diretor-geral, convidou-me para fazer a abertura da Semana do Empreendedor.

Mesmo não sendo professor de administração, mas de direito, aceitei o convite. De fato, sinto-me à vontade para falar sobre direito ou sobre educação. São estas as áreas que venho pesquisando e escrevendo nos jornais, ao longo de algum tempo. Assim, a concessão de me entregar ao convite se calçou no pretexto de contar aos alunos a minha estória de vida, ou seja, a história da vida de uma pessoa que pensa ser um empreendedor.

Ao final, tamanha foi a surpresa. Conseguimos extrair da narrativa diversas lições de empreendedorismo. É que aos 8 anos de idade, na cidade de Navirai, montei meu primeiro empreendimento. Construí uma caixa de engraxate e fui ao ofício nas ruas daquela pequena cidade mato-grossense. Com aquele empreendimento, ganhava dinheiro para ir, aos sábados, à sessão da matinê, e até sobrava algum para levar para casa. Aos 9, ainda lá, montei o segundo empreendimento: comprava na Ceasa caixas de “mexericas” e vendia de casa em casa. De lá para cá – primeiro em Rondônia, depois em João Pessoa e posteriormente no Recife – não parei mais de empreender.

O empreendedorismo é “um fenômeno cultural” (Fernando Dolabela). O pressuposto é que todos nós tenhamos um potencial empreendedor, desenvolvido ou não em decorrência da questão cultural. Se você tem uma família empreendedora, provavelmente você tenderá a ser um. Se a sua família não tem esse viés, a tendência é você procurar se empregar. Eu tive. Meu pai, apesar de ser um sertanejo analfabeto, nômade por natureza, sempre foi homem de muita coragem e ousadia, tendo criado alguns pequenos empreendimentos, embora nenhum deles tenha dado certo. A única coisa que deu certo foi a orientação que sempre deu para seus sete filhos, ou seja, estudar, estudar e estudar.

Sem corresponder à fidelidade conceitual, defino o “empreendedor” como sendo o indivíduo que “transforma pensamento em ação e sonhos em realidade”. A diferença básica entre o indivíduo empreendedor e o não-empreendedor é o fato de que aquele sonha e tem coragem de realizar com ousadia. Já este sonha e continua sonhando e sonhando… Tudo se concretiza apenas no espaço onírico. Dos sonhos à realidade, exigem-se de um empreendedor sólidos alicerces, tais como: iniciativa de tomar decisões, inovar e inventar, ser autoconfiante, ousado – que arrisca – e até corredor de riscos, ser motivado pela auto-realização, ter paixão e entusiasmo, ter foco e permanecer focado, ser persistente, ser descentralizador, ser entusiasta, ter profundo conhecimento do que quer, ter habilidades gerenciais e ser líder. Eis, enfim, um homem emerso de suas quimeras.

João Carlos Paes Mendonça, um dos maiores empreendedores do Brasil, ensina que a característica de um bom empreendedor é a vocação e o foco no que faz, ser ético, ter vontade de trabalhar, ser austero nos gastos, persistente, assumir riscos, ter paixão pelo que faz, respeitar as pessoas em todos os níveis e gostar de gente. Segundo ele, “a história de um empreendedor de sucesso não é feita só de acertos. Deve valorizar os erros como aprendizado para fazer mais e melhor”.

Por fim, apesar de o Brasil ter sido considerado em 2000 o país mais empreendedor do mundo (hoje é o sétimo), de acordo com certa pesquisa, tomando como base 40 países, é particularmente triste consignar que em nosso País, infelizmente, empreendem mais as classes baixas, que não têm acesso à educação formal. O Brasil é um país ainda de analfabetos – cerca de 16 milhões, 13% da população. Há cerca de 12 milhões de analfabetos funcionais, ainda, em nossa nação. Por conseguinte, eles não têm acesso a empregos de bom nível. Empreendem porque não querem morrer de fome. O Brasil, meus senhores, é empreendedor em termos quantitativos, mas, infelizmente, realiza um empreendedorismo por necessidade, pois as pessoas se recusam a morrer de fome passivamente. O empreendedorismo brasileiro, no geral, nasce em vielas.

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